segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

“Um pra eu, um pra tu, um pra eu (...)”

by Haroldo Gomes




Além de ícone da música brasileira, Luiz Gonzaga ainda ostenta o signo de ser o Rei do Baião. Pesquisando um pouco mais, atribuo a ele a faceta de também ter criador uma nova forma contar, onde a metade dois não é um!

Vamos aos fatos: outro dia fui a um clube da cidade, lá, encontrei um aglomerado de pessoas próximo à porta de acesso. Mais de perto, vi que um político reclamava da cobrança incorreta à meia-entrada. Já que a inteira custava quinze reais, a meia deveria custar R$ 7,50. Entretanto, no cartaz estava expresso: R$ 8 meia. Na época, ele fora o autor do projeto que garantiu ou deveria garantir este direito aos estudantes.

Recentemente, escrevi em meu espaço num portal daqui da cidade modelo sobre um evento. Recebei muitos comentários cobrando explicação sobre o preço da meia-entrada para estudantes ser 15 reais, já que a inteira custava 25 reais. O fato de não saber o que dizer aos leitores-internautas me deixou incomodado. Sem resposta convincente, resolvi procurar algo que elucidasse a questão.

Depois de muita investigação, cheguei à conclusão de que a resposta mais plausível é baseada no princípio da contagem criada por Luiz Gonzaga. Na canção antológica “Karolina com K”, Gonzaga para sair com Karolina, pediu ao amigo sanfoneiro Anselmo para tocar em seu lugar, para isso teve que desembolsar a quantia de “cinco mireis” ao amigo. A contagem que ele usou para dar o cano no amigo foi a seguinte: “um pra eu, um pra tu, um pra eu”.

Por ingenuidade ou desleixo, Anselmo não fez nada. Aceitou o que Gonzaga lhe oferecera. Até hoje muita gente age como Anselmo. Naquela época também não existiam órgãos de proteção ao consumidor. Hoje, além dos Procons existem ainda outras vias, como Ministério Público, por exemplo.

A partir de agora está explicado à comunidade estudantil o porquê da meia-entrada em Castanhal ser cobrada ao método Luiz Gonzaga. Se não convenceu, paciência, esta é a mais sensata resposta que encontrei. Confesso que eu também tinha curiosidade em saber.



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Pena

Depois do embate no ninho tucano, sobraram problemas e o partido é quem saiu derrotado. Perdeu tempo, e de quebra Almir Gabriel pediu sua desfiliação da legenda. Enquanto Jatene corre para fazer alianças, a estrela vermelha petista figura o horário nobre fazendo pesada campanha nos meios de comunicação de massa mostrando as maravilhas que seu governo tem feito.

Lado

Por enquanto, aqui em Castanhal, estão todos os candidatos e os pretensos não assumidos do mesmo lado. Mas a configuração e a postura deverão mudar em breve, uma vez que com a definição de Jatene como candidato ao governo do Estado vai obrigar uns a enrolar a bandeira de Ana Júlia, enquanto outros a tirar do baú a de Jatene.

Discurso

O médico e deputado estadual José Soares arrancou risos da platéia durante solenidade realizada na Câmara Municipal de Santa Izabel, na semana passada. Ele quebrou o protocolo quando em seu longo discurso, do nada disse que o “Pará precisa eleger o nosso líder maior, Jader Barbalho, como governador”.

Prestígio

Quando dizem que Márcio Miranda respira política, não é exagero! Articulou no sábado (19) a confraternização do Democratas e de quebra reuniu mais de 600 correligionários no auditório do Rotary Clube. 8 prefeitos, 9 vice-prefeitos, 46 vereadores, e 6 ex-prefeitos de várias regiões do Estado prestigiaram o evento, que teve ainda a presença dos deputados Júnior Haje e Vic Pires, estadual e federal, respectivamente, além da vice-presidente Nacional do DEM, Valéria Pires.

Namoro

Nos discursos de Márcio Miranda e de Valéria Pires Franco ficou claro o desejo da legenda em indicar o nome de Valéria novamente ao cargo de vice-governadora de Jatene. Durante sua fala, por diversas vezes, Valéria utilizou exemplos de superação e sucesso para vencer os obstáculos, entre eles o do paraense Lyoto Machida e o presidente americano Barack Obama.





sábado, 22 de agosto de 2009

As múltiplas faces da política brasileira

Haroldo Gomes


Há algum tempo, mais acentuadamente nas últimas semanas, temos sido bombardeados através da mídia sobre a falta de ética e de decoro parlamentar dos senadores no Congresso Nacional. A reprodução de algumas falas podem nos remeter a algum juízo de valor e a questionamentos sobre o que está acontecendo. Sobre o papel dos senadores, e acima de tudo, o papel da mídia na formação da opinião pública. “Não me aponte este dedo sujo, Cangaceiro de quinta categoria!”, “O que está acontecendo comigo hoje, pode acontecer com qualquer um dos senhores amanhã”, “que o senhor as engula, e as digira como entender, Excelência!”, (...).
O filósofo Aristóteles disse que “o homem é uma animal político”. Isso quando os gregos estavam ensaiando as cidades-estado. Hoje, precisamos fazer um profundo autoquestionamento sobre o que é política, ética e poder se quisermos chegar a alguma resposta. A dinâmica da globalização tem nos imposto mudanças e a falta de tempo, creio, seja um dos fatores para que a sociedade não se posicione diante de um assunto de tamanha gravidade. Russell definiu política como “conjunto dos meios que permitem alcançar os efeitos desejados”. Que meios são esses? Penso que o que estou vendo e ouvindo seja melhor definido pelo filósofo Thomas Hobbs “a política como meio adequado à obtenção de vantagens”.
Vantagens levadas ao extremo pelo atual presidente do Senado, senador José Sarney. Ele está bem protegido pelos sectários: Fernando Collor – aquele que só foi alijado do Poder, na época, por causa do irmão que falou o necessário para desencadear a ira de seus próceres; de Renan Calheiros – que passou pelo mesmo “calvário” que Sarney está passando e renunciou à presidência da Casa para não ser cassado. E por fim, as primeiras sete acusações a Sarney foram arquivadas pela Comissão de Ética do Senado.
Aos olhos do único homem neste país que nada viu, que nada sabe, pesam-lhe as mãos paterna de conciliador. De colocar ordem na Casa e manter o apadrinhamento do PMDB. Mas as regalias, os atos secretos, o poder e o egoísmo falam mais alto e as coisas tomaram outras formas e rumos. Ao invés dos senadores legislarem, agora eles estão preocupados em recuperar o respeito perante a sociedade.
Um atributo positivo os senadores têm. Já que todos somos animais políticos, uma coisa nos difere dos demais: o poder de nos comunicar através da fala. Resta saber se o que eles têm a dizer terá o mesmo efeito na mesma proporção com que eles têm tratado a coisa pública.
Ao “quarto poder” recentemente extirpado pelo Supremo Tribunal Federal, devidamente denominado como “entulho da ditadura militar”, resta tentar mostrar ao povo brasileiro o que está acontecendo... Mas ao que tudo indica a opinião pública da política partidária brasileira não está sofrendo abalos com a veiculação da degradação do Congresso Nacional. Sobre este fato, penso que duas coisas podem estar acontecendo. A primeira, o fisiologismo político está em estado de metástase; segundo, que o árduo trabalho da imprensa está deixando realmente de ter importância. Será? Reflitamos!


P.S.: Artigo publicado parcialmente em o Diário do Pará [em 12 de agosto], na íntegra em O Liberal [em 18 de agosto] e A TRIBUNA de Castanhal [24 de agosto].