De heróis e azarões todos temos um pouco!
Houve um tempo, não muito distante da
lembrança que nós, ou pelo menos boa parte dos brasileiros, julgávamos que só
os estrangeiros poderiam fazer feitos notáveis e por eles serem elevados aos
patamares de fenômenos, ícones, heróis etc.
Não sei os porquês e nem de onde
advinha tal pensamento, ou mesmo se ainda perdura. Fato é que nos últimos
tempos notáveis brasileiros têm mostrado a nós mesmos e ao mundo o quanto somos
capazes. Afinal, caminhar é preciso, mesmo que no caminha haja obstáculos.
Saltá-los se faz necessário para se chegar ao objetivo.
Ouvimos por muito tempo dizerem que o
último grande herói brasileiro foi o piloto de F1, Ayrton Sena. Devido à sua
maneira ímpar de conduzir seu carro muitas vezes no braço – isso, numa época em
que a técnica e a perícia do piloto falavam mais alto que a tecnologia
existente hoje em dia -. Sua especialidade era ultrapassar onde a lógica não
permitia e conduzia seu carro na chuva com maestria. Sua coragem atraía fãs ao
esporte e ao piloto, assim como eu. Após as vitórias, ele segurava em uma das
mãos a bandeira brasileira no trajeto do circuito onde vencia. Atitude que
enchia de orgulhos a nação. Porém, no seu caminho tinha uma curva; e ele se
foi!
O Brasil já não é mais país do
futebol; nem por isso milhares de crianças, jovens e adultos deixaram ou deixam
de acreditar que ele pode ser a senha para o sucesso. Como fez recentemente o
humilde jogador de futebol Wendell Lira (27).
Ele chegou à festa de premiação
caladinho, sem flashes, sem causar alarde. Porém, bastou anunciarem seu nome
como vencedor do gol mais bonito da temporada - conhecido como Prêmio Puskas -
para ele ser reverenciado por todos, com todos os méritos.
Fora o gol antológico de bicicleta, o
que chamou a atenção mesmo foi sua humildade, expressa em suas palavras ao
citar a Bíblia: “quando Golias apareceu, todos falavam que ele era muito grande
e forte. Davi olhou para ele e disse: ele é muito grande não tem como errar. É
assim que temos que lidar com os problemas da nossa vida e é assim que agradeço
a todos, muito obrigado!”.
Quem poderia imaginar que até então um
desconhecido, um ‘pequeno-grande’ homem poderia derrotar Golias como Messi
(Real Madri) e Florenzi (Roma)? É um feito para poucos Davis. Uma lição para
todos nós, ao crível, do quanto somos capazes.
Após percorrermos campos de futebol e
pistas de Fórmula 1, que tal pegarmos umas ondas? Não diga que não é capaz! Não
contrarie a lógica e ao Wendell Lira. Os esportes têm sido trampolins quando o
assunto é projetar muitos de nossos brazucas ao sucesso. São tantos, de enormes
valores, cada um merece uma crônica como está para si. Mas vamos à diante. Esta
já se encaminha para o fim.
Nas duas últimas temporadas as ondas
estiveram boas para os brazucas, que alcançaram o topo de um esporte em que
eram tidos como meros coadjuvantes: o surf. Isso até 2014, quando Gabriel
Medina se tornou o primeiro campeão da categoria principal. No ano seguinte,
Mineirinho, o Adriano de Sousa, repetiu o feito. Histórias de vida, de
superação, que tiveram finais felizes e elevaram a estima das pessoas, de
futuros atletas que têm sonhos e objetivos semelhantes, que ainda não deram o
primeiro passo, ou estão engatinhando.
Os exemplos anteriores servem como
ingredientes para incentivar novos adeptos, assim novos talentos vão surgindo e
fazendo do Brasil um celeiro de grandes atletas. Se é de inspiração que se vive
a vida, não poderia deixar de citar Raul Seixas: “não diga que a vitória está
perdida, tenha fé em Deus, tenha fé na vida, tente outra vez”, ou quantas forem
necessárias, a persistência é que nos leva ao sucesso.
Guga, Marta, Falcão, Anderson Silva,
Arthur Zanetti e tantos outros não me deixam mentir. Eles já deram seus
recados. Não precisamos ser o país do futebol para sermos notáveis. Pátria não
se faz só com chuteiras, afinal de contas, podemos não ter mais a posse da
bola, todavia, o mundo ainda gira para todos. Só não da pra ficar aí parado
achando que só os outros é que podem se superar! ##THO HG