quarta-feira, 27 de junho de 2012

Vida unipessoal é para quem pode!



(*) Por Haroldo Gomes
Pensei que em vida já tinha visto e ouvido de tudo um pouco. Mas a cada dia fatos novos me surpreendem. Como o a seguir.
Já ouvi pessoas afirmarem que se relacionam melhor com bichos, como cães e gatos que, com pessoas. Outras que odeiam religião e da noite para o dia abrem sua própria igreja e se tornam pastores. Importante reconhecer que o direito de manifestação religiosa é livre e garantido pela Constituição Federal brasileira.
Mas, não. Recente fui tomado por outro fenômeno pertinente ao comportamento humano. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontam que nos últimos 20 anos cresceu o número de “família unipessoal” no Brasil. Parece estranho, também acho. Mas é o conceito pós-moderno de lares habitados por uma única pessoa. Isso mesmo!
Mas essa tendência comportamental não é para todos. Segundo o mesmo estudo, este é um privilégio que somente as classes média e alta brasileira podem ostentar. Em Goiânia, por exemplo, há condomínios e lojas de conveniência com serviços pay-per-use (ou seja, só paga se usar) para este público, cada vez mais cativante devido ao alto poder aquisitivo.
Sempre que vou ao condomínio de algum amigo fico estarrecido. As pessoas moram no mesmo espaço, passam umas pelas outras como se fossem robôs programados. Não se conhecem e muito menos se cumprimentam. Essa tendência unipessoal não é exclusividade do Brasil, outros países como a Finlândia, Grã-Bretanha e Japão lideram o ranque de lares unipessoal.
Bem que eu poderia me encaixar nestas estatísticas, uma vez que me separei recentemente. Mas optei morar com minha mãe. Fico observando - quando posso - os costumes praticados pelas pessoas mais antigas, a exemplo dela. É um choque cultural enorme se comparado com as de agora, mas é real.
Fim de mês, fim de quase tudo na cômoda. Na hora do aperreio, uma luz para socorrer a escassez do gás, do leite, ou mesmo do cafezinho que se faltar mamãe terá certamente um ataque de nervos daqueles. Para resolver ou amenizar essas e outras situações surge um personagem, para quem tem: o vizinho.
O mesmo estudo afirma ainda que pessoas de baixa renda têm comportamentos diferentes do adotado pelas classes abastadas. Ainda bem, mamãe e eu estamos fora dessa. E você?
(*) Jornalista Graduado pela Universidade da Amazônia e servidor público municipal.