segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Quando a Copa do Mundo e as Olimpíadas passarem?

by Haroldo Gomes

Como comunicólogo uma das coisas que me intriga - na relação mídia e audiência - é o que leva as pessoas a gostarem tanto da banalização da violência exposta nos cadernos de notícia policial ou em programas sensacionalistas de mesmo gênero na TV. Minha mãe, por exemplo, no auto de seus 60 anos, tem pavor à violência, entretanto, vive assistindo programas que exaltam as barbáries urbanas.  
Se os órgãos de segurança pública atuar com a mesma eficácia com que se instalaram no complexo de favelas da Rocinha e prenderam o chefe do tráfico local, no Rio de Janeiro, o futuro dos cadernos de polícia está com os dias contados.  
O Rio de Janeiro é sede da Copa do Mundo de 2014. O que isso tema a ver com a escalada da violência? Até lá, tudo tem que estar perfeito para que a festa seja completa antes e durante, dentro e fora de campo. Longe do foco da Cidade Maravilhosa e das demais sedes do maior evento esportivo da terra, aqui, na Região Metropolitana de Belém, só este ano duas chacinas com as mesmas evidências ceifaram as vidas de pelo menos uma dezena de adolescentes. As investigações preliminares apontam para a participação de policiais. Um paradoxo social, já que eles são pagos para proteger.  
Quem se destina a lutar contra as milícias tem duas certezas: uma é ser vencido; a segunda acabar morto. O resultado desta equação favorável ao crime organizado pode ser resumida nas palavras do cientista político Rubens Figueiredo: “O Brasil está lançando uma novidade. Em vez de prender o contraventor, ele prefere exportar a vítima”. Poucos casos avançam e os autores em geral ficam impunes. Desta forma o gene da corrupção continua se multiplicando e parindo ‘policiais justiceiros’ e políticos inescrupulosos, como são os casos dos já condenados pela justiça: Paulo Maluf; Anthony Garotinho; Asdrúbal Bentes. A lista completa é bem maior. Para aumentar a descrença da população, eles circulam livres sem serem incomodados e ainda legislam em causa própria. 
Enquanto a Copa e as Olimpíadas não chegam o mal vai sendo empurrado para baixo do tapete. ‘Nem’, o tão temido e procurado chefe do tráfico e do crime organizado foi parar atrás das grades. O problema é que baseado no mau exemplo, novos sucessores vão surgindo geneticamente melhorados.
Para nós, paraenses, ficou a lição e o arrependimento de não termos conseguido ser um das sedes da Copa de 2014. Se fossemos, problemas como o que está sendo paliativamente aplicado no Rio já nos serviria. Mas esses mega eventos esportivos vão passar. Depois a rotina volta ao normal para o desespero das comunidades das favelas Carioca.
Em quanto isso, sem a Copa e sem a mão firme do Estado, ostentamos o terceiro lugar no ranking dos estados mais violento do País. Até quando?

segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

As semelhanças da política com o futebol brasileiro


by Haroldo Gomes
Alguns ditos populares são emblemáticos e ao mesmo tempo contraditórios. Desafiam algumas lógicas. O que diz que “em time que está ganhando não se deve mexer” é um deles, por exemplo. Ludicamente levemos essa prática para o campo da política, e imaginemos que o técnico seja a presidente Dilma Rousseff. Você que adora futebolisticamente dar palpites quando a seleção de Mano Menezes é convocada, fala sério: você mexeria no time que está escalado no ministério do atual governo? Não vale utilizar eufemismos do tipo Tiriricano: “de que pior que está não vai ficar”. Que fica!
Por ironia do destino o sétimo jogador, em 12 meses de governo, digo: ministro será substituído. Agora foi a vez de Carlos Lupi (PDT-RJ), do ministério do Trabalho. É àquele ministro falastrão que só sairia a peso de bala porque é grande e que para se redimir disse por meio da imprensa: “presidente Dilma, eu amo você”. E tem mais substituições à vista. Mas agora elas ficarão para o ano que vem, em função do ano eleitoral. É ou não é uma triste coincidência com a seleção de Mano? A cada convocação surgem nomes diferentes na lista, e o time continua jogando mal. O time de Dilma até joga bem, mas geralmente em benefício próprio. Os casos que levaram à substituição são os mesmos: corrupção, desvio do erário, etc.   
No caso de Dilma, quem escala o time junto com ela são os aliados da base de sustentação política. Com Mano Menezes - e os técnicos que o antecederam não foram diferentes. São os patrocinadores, os empresários e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Depois que o leite derrama haja reclamação, além de ter que arrumar alguém para assumir a culpado. Coisas da dinâmica envolvendo política e o futebol brasileiro.
Existem outras irônicas coincidências envolvendo futebol e política. Para ambos os ‘técnicos’ esse é apenas o primeiro ano de seus mandatos. Ao final, para um terá eleição; para o outro, a Copa de 2014. Como é cultura tudo acabar em samba em eleições e Copa do Mundo, é cedo para prevermos um final feliz. Mas pelo andar da carroagem novas mudanças serão inevitáveis.
Eu sei que você, assim como eu, não é técnico, parlamentar ou mesmo presidente. Mas já está na hora de se colocar à frente do papel de um mero torcedor-eleitor e ficar alheio ao resultado da partida, ou das decisões políticas. O título é da nação. O dinheiro que é desviado pelas mãos dos corruptos também.
Boas e necessárias atitudes podem mudar o seu bairro, a sua cidade, o país e o mundo. Vai ficar aí parado?

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

“Valorização das merendeiras” leva Castanhal à conquista de 4° prêmio nacional

Das oito edições realizadas do “Prêmio Gestor Eficiente da Merenda Escolar”, Castanhal faturou quatro prêmios, em 2006, 2007 e 2008. O mais recente foi entregue nesta quarta (23), durante cerimônia em Brasília. Na manhã do dia seguinte, já em Castanhal, o prefeito Hélio Leite exibia o troféu e um diploma durante uma coletiva à imprensa, quando atribuiu a conquista a todos que direta ou indiretamente fazem a grandeza do município modelo.
Do universo de 1.082 concorrentes de todo o País, 22 municípios foram premiados. Castanhal sagrou-se vencedor na categoria “Valorização das merendeiras”. Ao todo, são beneficiados mais de 50 mil alunos distribuídos em 95 estabelecimentos de ensino do município. Para suprir esta demanda são direcionados R$ 218.15,00 de recursos transferidos do Governo Federal, e o restante é da contra partida do município na ordem de R$ 389.875,00.
O prêmio é o reconhecimento do investimento feito nesta categoria. Anualmente elas recebem treinamentos, equipamentos de trabalho, assistência médica, além de cursos de libra para melhor se comunicarem com os alunos portadores de necessidades especiais.
“Quem saiu vencedor deste prêmio foi a cidade de Castanhal, que dá exemplo para a região Norte do Brasil, dos alunos que podem contar com uma merenda de qualidade, das merendeiras pelos seus esforços. Eu quero pedir a Deus forças para trabalhar para que no ano que vem possamos estar aqui novamente mostrando o quinto troféu deste tão importante concurso”.
O prefeito lembrou durante a coletiva que a iniciativa foi fruto do empenho do ex-secretário de Educação do município, Luiz Paiva, que faleceu neste segundo semestre. E que vai continuar na gestão do atual secretário, professor José Lucas Neto.
Por Haroldo Gomes

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

E agora, ministra?

by  Haroldo Gomes
Mais polêmicas à vista em Brasília envolvendo, agora, questões relacionadas a valorização da mulher. Quem está no front é a ministra da Secretaria de Políticas para as Mulheres, Iriny Lopes. Tudo por conta de uma peça publicitária de lingerie protagonizada pela modelo Gisele Bündchen. Segundo a ministra a propaganda é “sexista”, preconceituosa e induz as mulheres à submissão. Par ela não se trata de censura, entretanto, solicitou ao Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) que tire do ar o comercial “Hoppe ensina”.
Antes mesmo da era da superexposição da imagem [a qual vivemos hoje] a figura feminina já despontava associando sua imagem a diversos produtos. Ou seja, ao longo do tempo virou cultura. Se perguntarmos as mulheres e seus corpos esculturais se elas pensam da mesma forma que a ministra, certamente a resposta será não. Afinal, imagem é tudo para o mercado publicitário e para modelos e artistas em geral que vivem disso.
O luta quase solitária da ministra Iriny é tão utópica quanto a cultura das paredes de borracharias pelas estradas País afora. Imaginemos um caminhoneiro entrando em uma borracharia e se deparando com as paredes sem calendários de mulheres nuas? Ora, duas coisas podem ter acontecido. Primeiro, a borracharia fechou; segundo, tornou-se uma Igreja Universal.
A publicidade brasileira está entre as melhores do mundo. E a cada dia melhora ainda mais. E a visão da ministra não poder ser limitada apenas à propaganda. O que fazer com as dançarinas de bandas de brega e de forró, que roubam a cena em qualquer palco? Comerciais de cervejas, mulher; de carros: mulher; até de barbeador tem mulheres como pano de fundo ilustrando o apelo ao consumo.
Numa coisa a ministra tem razão: “a publicidade é do produto, e não da mulher”. Mas quando uma empresa contrata uma agência de publicidade para elaborar o comercial ela exigi quem deve se tornar o referencial para a marca ou produto de sua empresa.
E quem vai estrelar exige o quanto quer ganhar. Para isso não quer saber se estará ferindo a ética ou a visão moralista de outrem.  Assim como ocorreu com Gisele, que além da “Hoppe ensina”, estrela também a campanha publicitária da Sky, enquanto ela limpa o chão o maridão se liga na programação da TV não dando a mínima atenção à esposa.
Não sei se todo mundo vê e pensa como a ministra. Mas cultura são valores e costumes que se renovam; mas que raramente se acabam.

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Por que só ladrão de galinhas vai para a cadeia no Brasil?


by Harodo Gomes

Na semana passada o senador Pedro Simon (PMDB) figurou as páginas de frases de efeito das mais conceituadas revistas sobre o assunto do país. O bordão já é conhecido do povo brasileiro, mas nem por isso passou despercebido e esgota a questão: “O Brasil continua sendo o país da impunidade. Só vai para a cadeia ladrão de galinha”.
A indagação do senador foi bem formulada e já traz consigo a resposta: IMPUNIDADE. E como se faz para acabar com a impunidade, senador? Se o senhor pudesse responder, a resposta sensata seria fechando o Congresso Nacional. Um prejuízo incalculável para a democracia. Mas que talvez necessária mediante o quadro sintomático em que se encontra.
 Os aloprados coleguinhas do ex-presidente Lula, os mensaleiros dos Democratas do Distrito Federal e os ministros do governo Dilma Rousseff. Impunidade foram e são as ações dos envolvidos em desvio do erário público. Tomei como exemplo apenas essas situações, pois são tantas... Eles perderam os cargos, mas saíram pela porta da frente com o dinheiro desviado e nada lhes foram imputado. Como a gentileza dos colegas da deputada federal Jaqueline Roriz (PMN-DF), que a absolveram.
As pessoas que se propõe ao ofício de roubar galinha, senador, geralmente, roubam por necessidade. Para esses criminosos são criados novos presídios, ou são amontoados em condições subumanas nos já existentes. Lá eles concluem a graduação e saem preparados para então, tornarem-se ladrões de verdade. E como tem aumentado o contingente.
Por outro lado, os que detêm cargos políticos, com imunidade, podem dar exemplos de como se deve praticar o exercício da IMPUNIDADE. Exemplos não nos faltam senador Simon. Volte sua vista para a presidência do Senado. Quem o senhor verá? E tem mais gente deste quilate, que não está lá, mas que quer voltar, como Cássio Cunha Lima e de Jader Barbalho.
O corporativismo político em vigência até o presente momento no Brasil permite que em nome do Poder ao qual pertençam determinados políticos defendam a honra do mesmo. Foi por isso que a maioria da Câmara Federal absolveu Jaqueline Roriz, media que arrancou a frase de efeito questionadora nas aspas e no título acima. Se a medida arrancou espanto do senador, imaginemos nas pessoas de bom senso que procuram forças para acreditar nos nossos representantes.
É meu dever confessar, senador, que tudo isso ocorre porque ainda não aprendemos que democracia não se esgota no ato de votar como é massificado pelos Tribunais Eleitorais por meio da mídia em períodos de eleições. Que a grande maioria ainda não sabe o conceito de currais eleitorais e do voto do cabresto. Quando todos descobrirem o poder da liberdade que a democracia nos dá indistintamente para escolhermos, haverá a esperança de que a IMPUNIDADE ao menos diminuirá. 

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Diário de férias 2011: ano que vem tem mais?


By Haroldo Gomes

Todo ano é sempre a mesma coisa durante o mês de julho, quando ocorre as férias escolares. Mesmo quem não é mais estudante arruma as malas, nem que seja aos finais de semana e se manda em busca de diversão nas prais e balneários. O período coinside com o verão que combina com outros ‘aumentativos’: longas filas; sobrepreços e, claro, uma boa dose de paciência para não estragar a diversão.
Um amigo da família veio do Centro-Oeste ao nosso estado com a intenção de conhecer as praias de Marudá e Algodoal. Como diz aquela canção do Jota Quest, “onde haja sol é pra lá que eu vou”.
Pois bem, fomos e levamos o amigo. Logo na primeira noite, na orla, ao som de um trio-elétrico e de muitos carros-som parecia tudo normal.
Na multidão, nem todos buscão diversão e tendem a estragar a pretensão da maioria. Lá pelas tantas rolou tiros e muita correria. Resultado: uma pessoa moreu. É. Morreu! O algós foi encontrado morto dois dias depois. Sem contar as muitas pessoas que foram assaltadas. Casos para a Polícia. Acho!
Bem, amanhã será outro dia. Disse amim mesmo.
Com o preço das loiras às alturas, fomos em busca de um local que praticasse um valor mais em conta. Não teve jeito. Mas, o bom freguês a casa retorna. Com essa lógica conseguimos amizade com um barman, e a partir do segundo contato, o atendimento e os preços caíram. Encontramos um bom local!
Porém, antes de chegarmos ao destino enfrentamos, assim como todos os veranistas que seguiram para aquela região, alguns percalços. Então, lembrei da onda de escândalos no DNIT. Certamente, cansados de esperar pelo poder público, a maioria das famílias que mora às margens da rodovia que liga aos municípios de Curuça e Marapanim encontrou um meio de reduzir o índice de acidentes colocando trincheiras na estrada. Digo tricheiras porque quem as chama de quebra-molas não tem a noção dos mostrengos feitos em concreto em forma de retângulos. Um verdadeiro atentado aos veículos e aos condutores, já que não há sinalização.

Mas nem tudo é lamúria. Assim como na ficção das nossas telenovelas, onde tudo acaba bem, encontramos um pouco de paz, preços módicos e muita diversão. Claro que estou me referindo a Algodoal. Apenas 40 minutos separa este pedaço do paraíso de Marudá. Ainda bem que lá não tem carro-som e tanta violência. Ano que vem tem mais..!

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Imprensa na berlinda: atrás dela só não vai quem não tem interesses.

by Haroldo Gomes
Muitos profissionais de mídia têm o entendimento de que a imprensa representa o quarto Poder. Se colocada sobre o prisma do corporativismo como vem ocorrendo com a grande imprensa paraense há sentido tal afirmação. 
A relação promíscua com os demais Poderes a levou ao desvio de suas funções. O caso do escândalo na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), por exemplo, o Dário do Pará e O Liberal, tentam a todo custo blindar o ex-deputado Domingos Juvenil e o senador Mário Couto. Por quê? Qual o motivo?
Enquanto o Legislativo faz vista grossa, o Executivo alicia o Judiciário com a farta distribuição de assessorias especiais para parentes de desembargadores. Ao todo, já foram distribuídas 450. Se continuar assim logo, logo a generosidade ‘tucana’ vai superar o governo petista, que chagou ao montante de 1.500 assessorias especiais durante os quatro anos.
Enquanto o foco do escândalo é desviado para os ‘peixes pequenos’ que engrossam as manchetes dos dois jornais todos os dias, o grupo RBA da família Barbalho troca acusações virulentas com os Maioranas por meio de seus editoriais.
Enquanto os interesses e as omissões vão sendo empurradas para baixo do tapete da impunidade as denúncias sobre as generosidades de Jatene com os parentes de desembargadores foram feitas pela revista ISTOÉ. Foi necessário que alguém viesse fazer o que deveria ser um papel da imprensa paraense: levar ao conhecimento dos paraenses mais um fato envolvendo desmandos políticos para se somar aos tantos outros já evidenciados.
Nas últimas semanas o assunto vem perdendo o foco nas mídias impressa e televisiva, restando às redes sociais por meio de blogs, a exemplo do jornalista Augusto Coelho, trazer à luz novos fatos envolvendo personagens até agora – digamos, quase - intocáveis.
Na contra-mão dessa cultura nefasta não faz mal relembrar a resistência de jornalistas que defenderam e defendem uma imprensa livre e crítica, a exemplo de Haroldo Maranhão, cujo pensamento se une ao do cartunista Millôr Fernandes quando afirma que “jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

“Ai, ai meu Deus, o que está acontecendo com a Música Popular Paraense?"

by Haroldo Gomes
Tenho ouvido com certa frequência nos últimos meses pessoas falarem e defenderem o período em que os militares comandaram o destino político do Brasil. Época conhecida como Ditadura Militar, ocorrida em meados do século passado. A digressão histórica procura paralelo em função dos desmandos, do abuso de poder, do trabalho escravo, dos currais eleitorais, da política coronelista que até hoje ainda imperam na região Norte.  
Lembro-me que quando criança eu perguntará ao meu saudoso pai o que era Ditadura Militar. Grosso modo ele me respondia que era o tempo em que as pessoas não tinham liberdade para fazer o que queriam, pois, os militares nos privavam de quase tudo. Cresci com a dúvida. Mas, na escola aprendi que nesta época, embora não se pudesse falar, expressar ou fazer o que se queria, podia-se usar como recurso a inteligência para driblar a censura imposta pelo AI5.
Desta forma, cresci ouvindo Chico, Gal, Secos e Molhados, Caetano e o movimento Tropicalista, entre tantos nomes de igual ou maior relevo. Artistas que se utilizaram da música como elemento formador de opinião, engajamento político na defesa da liberdade de expressão e de outros ideais que contemplavam – sem exageros – o desejo da maioria, àquela época.
Os tempos mudaram. A democracia retornou e a mentalidade de nossos artistas parece não vir desde então acompanhando a severa realidade que os cerca. Digo isso, porque nosso Estado se encontra na UTI – faltam médicos, remédios, hospitais, e o que é pior, faltam recursos, segundo os políticos. Falta quase tudo. Só não falta dinheiro para custear o aumento abusivo dos deputados estaduais, os milhões que foram desviados em esquemas fraudulentos na Alepa. São tantos que se eu fosse enumerá-los essa crônica mudaria de gênero.  
O celeiro artístico paraense cresce a cada dia, mas lhe falta inspiração para musicar tantas coisas erradas. Em contra partida o que ouvimos são apologias à pirataria, à galera da golada, aos baldes de geada, dos DJs e as aparelhagens sonoras. A atual cena deveria ser explorada como tema em favor da defesa da Amazônia, de dizer não à corrupção, às mortes no campo. Chega de copiarmos e acharmos que o que é bom é o que vem lá de fora.
Temos identidade própria. Defender esses valores a meu ver é tão crucial quanto vivermos alienados em torno de uma batida eletrônica ou um artista que plagia alguém já consagrado. Ainda há tempo para se mudar os pensamentos e as atitudes. Do contrário, sobrarão reminiscências do tempo em que se dizia por meio de metáforas o que se queria, ou o inverso, quando tivemos a liberdade de nos expressar e em troca não dissemos praticamente nada.

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Adele está de volta. Cada vez melhor!

by Haroldo Gomes
Primeiro foram os britânicos, depois, o mundo. Ambos passaram a conhecer e reconecer a voz e o talento inconfundível de Adele Laurie Blue Adkins, a partir de 2008, quando ela postou em seu perfil no Myspace três demos. Em seguida, ela assinará contrato com uma gravadora. Era o início de uma carrerira brilhante.
Apesar de branca, sua voz potente soa melodicamente ao melhror e
stilo soul negro americano. Tanto taleno assim só poderia lhe render muitos prêmios. Em 2008, foi considerada pela crítica especializada da BBC, como artista revelação. No ano seguinte, a coleção aumentou com a conquista do Grammy Awords como artista revelação e melhor ‘Vocal Pop Feminino’.  
Aos 23 anos e idade, Adele, como é cohecida mundialmente, está com novo trabalho, o segundo da trajetória de sucesso: ‘21’. O álbum traz as consagradíssimas canções ‘Rolling in the Deep’ e ‘Someneone Like You. Só na primeira semana de venda alcançou a marca de 208 mil cópias no Reino

 Unido e 352 mil nos EUA. O primeiro álbum recebeu o título ‘19’,  que conquistou três certificações de platina no Reino Unido.
É também de Adele um dos mais cobiçados recordes na carreria artística, a de ter emplacado uma canção [Rolling in the Deep] e um álbum como o número 1 ao mesmo tempo na Inglaterra. Feito antes conquistado apenas pelos Beatles, ou seja, o recorde perdurava já havia quase 50 anos.

Como quase tudo chega por aqui atrasado, ainda não tive o prazer de ouvir nas rádios comerciais do Estado Adele, salvo por algumas emissoras na Web. Agora que você tomou conhecimento da existência de Adela, ouça e tire suas própias concluões.




sábado, 28 de maio de 2011

Divisão do Pará, memórias e contradições...

Por Haroldo Gomes     
Só o fato de se realizar um plebiscito, que pode dar aos jurássicos que defendem esta ideia a senha para a concretização do processo de divisão do Pará, por si só já é uma afronta ao tão sofrido povo paraense, que clama e merece outras medidas prioritárias...
Enquanto se discute a divisão, o Pará é manchete regional, nacional e internacional como o campeão de conflitos e mortes no campo. A presidente Dilma Rousseff pediu prioridade na apuração do caso mais recente, ocorrido na Região Sudeste do Pará. E os outros casos?
Ávidos em dividir o Pará, esquecem que o Legislativo Estadual está imerso à corrupção, a cada dia novos fatos contribuem para o aumento da indignação da população. Milhões de reais foram desviados, dinheiro que se devolvido pode ser investido em saúde, por exemplo.
Enquanto a divisão do Estado pauta o Senado e a Câmara dos Deputados, defende-se ao pretexto de se acabar com as desigualdades e isolamentos regionais. Entretanto, temos o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País; o pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB); além disso, o Pará contribui com 50% do superávit da balança comercial brasileira, e temos os míseros 2% na participação do PIB Nacional.
Todo embate é emblemático e pode ou não trazer benefícios. A decisão está nas mãos de quem de fato ama o Pará: o povo. Redesenhar geopoliticamente o estado é um prejuízo incalculável, contudo, pode trazer uma nova mentalidade que possa de fato unir ao invés de separar e superar as desigualdades. O que falta para que isso se materialize? Um pouco da alma cabana para enfrentar os problemas. Vontade e maior comprometimento da classe política com as promessas assumidas em campanhas.
Como já dizia a saudosa banda paraense Mosaico de Ravena, nos idos de 1997, “se existe culpa, é da mentalidade criada sobre a região, porque continuar então escrevendo Norte com ’M’?”. [HG]