terça-feira, 16 de julho de 2013

O ‘travesseiro’ é meu melhor amigo?

Por Haroldo Gomes

Não, não me reporto ao travesseiro como substantivo comum, mas a metáfora, para designar as pessoas pelas quais procuramos para confidenciar assuntos que ninguém mais pode saber além dela. Por mais que não admitamos, travesseiros como estes recebem outras nomenclaturas, isso devido o grau de confiança, afinal, não é qualquer pessoa que merece saber aquele segredo cabeludo. Nem mesmo o padre.
É comum ouvirmos muitas pessoas falarem que querem viver só, que não precisam de da companhia de alguém. Contrariando a lógica de que somos seres de necessidades e preparados para viver em sociedade, em coletividade. Deve ser o tempo, a dinâmica da sociedade contemporânea em que vivemos que trouxe estes novos conceitos.
Às vezes nem precisa ser algo tão complicado, mas que deve ser guardado como um segredo a dois. A namorada de seu amigo deu mole e você a pegou; ou você avançou o sinal e pegou a namorada de seu melhor amigo. Depois vem àquela sensação boa de pecado, de alívio, de superação. Mas e agora, com quem dividir este segredinho? Não contendo mais a euforia, socorre-se ao travesseiro: àquele amigo, ou amiga para contar àqueles detalhes que tanto lhes sufocam. 
O problema em situações como estas é que seu/sua amigo (a) tem um (a) amigo (a), que tem outra que é amiga do amigo e como aquela dinâmica do telefone sem fio, assim vai... E o segredo vai perdendo sua essência, com certo tempo ele vira um problemão. Isso dependendo do tamanho do segredo. Mas o fato é que ele deixa de ser segredo.
De qualquer forma, não se vive sem o travesseiro, é ele que nos socorre, e em linhas gerais nos diz:
- Poxa, você conseguiu!
Afinal, o troféu é justamente àquela besteirinha que você precisa se livrar para descarrego de consciência, até mesmo para massagear o ego, que é o caso mais comum.
Ação como esta é perfeitamente comum como condição humana. O que demonstra que até para aliviar nossa consciência mediante as falhas precisamos dividir com alguém, mesmo que não se leve em consideração o grau de parentesco ou amizade, o importante e liberar aquela ação boa ou má que tanto o incomoda. O certo que àquele travesseiro o qual colocamos a cabeça todas as noites e que seria o correto saber das traquinagens nossas de cada dia. Se assim o fosse, o universo humano seria ainda mais indecifrável e tantas fotos permaneceriam sem um desfecho ou sobre suas verdades.
Quem é o seu travesseiro?