segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Castanhal e os bares nossos de cada dia

Aos 80 anos, comemorados em 28/01/2012, é possível por meio de registros documentais, de relatos, da memória, rebuscar um pouco da história na construção da cidade. Ação determinante de dezenas, centena, milhares de mãos, da dedicação de seus filhos, natos, chegados, apaixonados por Castanhal. A diversidade se funde em meio aos cheiros, às cores, aos sabores. Uma pitada de tudo um pouco ajudou na formação da cidade denominada de modelo do Nordeste paraense.
Muitas das lembranças acerca da formação da cidade são resgatadas por meio de bate-papos entre amigos, colegas, conhecidos, nas mesas de bares. Aliás, quem ainda não freqüentou ao menos um, não sabe o que está perdendo. Em todo canto da cidade tem alguns.
Para uma conversa no início, ao meio, ou no final do dia sempre tem um bar no caminho de casa ou do trabalho, e até da igreja. Há aqueles com inferninhos para os discretos; ou com sinuca, boa música e finos tira-gostos para os assíduos. A diversidade é grande. E como tem bares na cidade!. Por volta da década de 70 a Travessa Quintino Bocaiúva começou a ostentar o apelido de “Quintino Barcaiúva”, devido ao grande número desses estabelecimentos. Hoje, os bares deram lugar às lojas, butiques e salões de beleza.
Com a expansão do comércio local e a vinda de grandes grupos empresariais, veio também a mudança no padrão de gostos e costumes. Há aqueles que requintaram e abandonaram o tradicional copo americano, que deu lugar às taças; e a tradicional cerveja deu lugar ao chopp, com ou sem colarinho. É o progresso.
Para cada ocasião tem um bar com o perfil do cliente. Quer falar sobre política e futebol paraense? Esse lugar é o Gordon's Bar, em frente ao SESC, na Barão do Rio Branco. Do Raimundo Moura, ou “Barraca” para os mais íntimos. Na parede central do estabelecimento uma foto já descolorindo do antigo lugar onde hoje funciona uma padaria. O Gordon's  não é simplesmente um bar. Ele é a extensão da casa de seus freqüentadores. Os de carteirinha podem se servir, enquanto ‘’Barraca’’ aposta partidas de sinuca com os amigos na parte de trás do ambiente.
Sempre que vou lá, não perco a oportunidade de dizer ao Raimundo que nós, os freqüentadores do Gordon's, não temos vergonha. Digo isso porque entre meio-dia e uma hora da tarde ‘’Barraca’’ começa a baixar as portas. Segundo ele, o horário de almoço é sagrado. Esteja o rei ou o mendigo, ele avisa que já vai fechar o bar. Reabrindo no início da noite, religiosamente.
Como disse lá no início, são muitas as opções de bares na cidade. Tem o do Assis, do Flasica, o do Evaldo, o do Naldo, o Dos Amigos, do Tio Bito, o Escritório e outros mais. Em cada um, frequentadores que nem sempre vão para beber, ou falar de futebol e mulher, como pensam as namoradas, noivas, esposas.
Mesmo que você não beba, o bar é um lugar pra lá de democrático. Tanto que em alguns casos serve até de inspiração para escritores da cidade. Já tem até livro prestes a ser lançado.
No bar o frequentador se sente livre para se expressar sem restrições. Religião, futebol e política são os temas mais debatidos. Há críticas e soluções para tudo. Se você quer ajudar na construção do imaginário desta e de outras histórias sobre a cidade para os anos vindouros, é só entrar em uns deles e sentar-se à mesa. O resto acontecerá naturalmente.
P.S:. um pequeno recorte sobre apenas um dos milhares de aspectos da cidade nos seus 80 anos.

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Ano novo; velhos hábitos.

by Haroldo Gomes
A tradição de comemorar a chegada de um novo ano parece mexer com os brios das pessoas. Por horas elas têm a ilusão de que ele vai chegar como um corretivo que vai apagar tudo que julgamos estar errado conosco. Vão-se as dívidas, o trabalho, os problemas.
Mas na realidade não há quase espaço para fantasias. Digo isso porque Já mais passou pela minha cabeça comemorar esta data no leito de um hospital. Mas a vida tem dessas coisas. Desde as primeiras horas do dia 31 eu já me sentira mal, com febre e uma forte e intensa dor de cabeça. Já no início da noite, não aguentando fui ao hospital. Logo no primeiro contato o médico suspeitou de Dengue. “É meu caro, você pode até não passar a virada de ano aqui, mas vai demorar um pouco”, diagnosticou o médico.
Já com marcas de vários furos pelos membros e tomando soro fui encaminhado ao leito. Lá encontrei várias outras pessoas bem humoradas que também apresentavam o mesmo quadro clínico, uns assistindo ao Jornal Nacional no celular, outros lendo a Bíblia. Todos procurando uma forma de se distrair. Então, fiquei pensando como aquela data pode ter vários significados. Horas depois, o primeiro saiu, mas, sem antes nos desejar um Feliz Ano Novo.
Minutos depois foi minha vez de sair e fazer o ritual. Ainda não eram 23 horas. Faltava então passar pelo médico para saber se era ou não Dengue. “Olhe só, não deu nada. É essa virose maluca que tá na moda. Vá para casa, repouse e tome bastante líquido”. Assim o fiz.
Na manhã da segunda-feira (2), os jornais nos traziam o que parece não mudar: muitas mortes e muitos acidentes. Ainda debilitado diante das notícias fiquei refletindo um pouco mais: o que adianta comemorar a chegada de um novo ano se não nos preparamos para a mudança dentro de nós mesmos.
Nos festejos de Natal e Réveillon de 2011 foram apenas quatro dias. Este ano, serão oito dias. Motivos para se refletir se devemos ou não mudar, a final, o ano apenas começou. Nós paramos; o tempo não!