Haroldo Gomes [*]
Mudar de opinião, de clube, de emprego,
de religião. Qualquer que seja ela, é sempre um drama fazer escolhas. A mudança
é uma opção que sempre nos causa espanto e nos remete à profundas reflexões,
pelo simples hábito de tentar. Muitos optam em não fazer temendo as
consequências. Tentar resistir é bobagem. Afinal, a vida como ciclo natural muda
e nos proporciona instintivamente a mudanças, nem que seja de opinião ou
comportamento.
Tenho um grande amigo que tem uma banca
de revista no Centro da cidade que há muito não o visitava. Ao chegar lá,
semanas atrás, antes que o cobrasse pela refutação de convites para sairmos aos
finais de semana, ele disparou: “Hagagê, eu não estou mais bebendo, mudei de religião
e passei a focar outros objetivos em minha vida pessoal, espiritual e
profissional”. A princípio o percebi aflito, talvez temendo alguma reação
minha. Apenas lhe fiz duas perguntas. Você está feliz? Está bem, amigo?
Ouvi convictamente dele que SIM. Então, amigo, é isso que importa, respondi.
O gesto dele me fez lembrar
outro momento, outro amigo, este veio de Macapá para me mostrar um projeto.
Durante a conversa ele abrira o notebook para me mostrar o que queria – que não
vem ao caso gora - dei importância à frase que estava na área de trabalho do
computador pessoal dele, a qual dizia: “Não se pode esperar resultados diferentes fazendo
as coisas da mesma forma”, Albert Einstein.
No caso do amigo da banca, enquanto
estava lá, o que mais presenciei foram gozações e falas como a de que ele havia
mudado de religião na intenção de ficar rico, entre outras. Acredito que a
maior mudança deve haver em nos mesmos, e isso requer atitude. Deixar de beber,
de fumar o outro vício é algo que parece inaceitável. Cobramos tanto isso das
pessoas e quando elas conseguem dar o primeiro passo as tratamos com
indiferença.
Se observarmos bem, perceberemos que
Deus escolheu seus apóstolos sob o signo da mudança. São Paulo é o exemplo
maior, de perseguidor a defensor árduo dos Cristãos. E isso causou certa
desconfiança entre os demais que o seguiam. Mas ele cumpriu seus desígnios.
Willian
Shakespeare reforça essa necessidade no trecho do poema “o Menestrel”, o qual
enfatiza que “Realmente a vida tem valor e que você tem valor diante da vida.
Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o bem que poderíamos conquistar
se não fosse o medo de tentar”.
Por
maior que sejam as incertezas, tente, só assim saberás se era ou não como você havia
imaginado.
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[*] Haroldo Gomes é jornalista especialista em Docência do
Ensino Superior.