segunda-feira, 20 de junho de 2016

LITERATURA_20_JUNHO DE 2016_THO HG

Contos, poemas e vinho tinto: uma mistura convidativa!

Até então nunca havia ganho tantos livros em minha vida como agora. A maioria já os li. Porém, à medida que vão chegando, vão entrando para a relação dos lidos e comentados. Como o mais recente, de título “Contos, poemas e vinho tinto”, do escritor izabelense Dayvid Cristian.
O vinho dispensa comentários, sempre bem-vindo em qualquer ocasião. Assim também é a definição de sua obra, que é datado de 2014, mas só agora tive acesso.
Os escritores e poetas são loucos solitários conscientes que lutam resolutamente para materializar suas ideias, obras. E sempre que isso corre merece nosso reconhecimento.
O livro em si é uma viagem interessante por meio de contos que vagam no tempo, entre o passado e o presente, em que o protagonista embora vague por outras terras, o lócus é a Belém do Pará. O estilo usado por Cristian é pouco comum entre os escritores desse gênero, ora, em primeira pessoa; ora, em terceira.
Sua narrativa descritiva é perfeita e rica em detalhes e revelações. Como falei lá no início, um pouco de loucura poética, em um de seus contos ousa revelar por meio de um diálogo com um mendigo numa de suas noitadas pelas noites belenenses sobre a possibilidade de cobrar de Deus alguns por menores. “Depois do tudo, o nada. Depois do nada, o abismo (...)”, sua poesia escorre sobre o prisma do amor, em que para traduzir, melhor ler a obra para maiores conclusões.
Quanto ao meu exemplar, ele está na estante devidamente autografado. Se ficou curioso, ainda dá tempo de conseguir o seu exemplar. Afinal de contas, uma boa leitura com ou sem vinho é sempre convidativa. Um brinde e boa leitura! 

Por Haroldo Gomes

sexta-feira, 17 de junho de 2016

COMENTÁRIO LITERÁRIO_17_06_2016_THO HG

Agora sabemos o que os homens fazem no bar

Confesso que fiquei curioso quando o Moacir Silva me disse, “Hagagê, tenho um presente pra você”, há cerca de duas semanas. E feliz da vida quando me presenteou com o livro “O que os homens fazem no bar”, do escritor Jaime Freire Campo.
O Jaime conheço dos tempos da Biasom, por intermédio do próprio Moacir Silva, isso quando eu iniciara no jornalismo. E lá se vão alguns anos. Meu caro, Jaime, não quero bancar o crítico literário, embora também seja cronista, jornalista e graduando em Letras. O livro fala por si mesmo. Haja vista que foi prefaciado pelo ilibado Tenório Nascimento.
Quero mesmo é elogiar, parabenizar-te, e te dizer: que bom que o teu eu lírico assassinou o poeta e abduziu o cronista. Que, aliás, é um misto de tudo, de todos os outros gêneros. Prova disso que falas com propriedade sobre várias temáticas, com leveza, clareza e ritmo.
É, Jaime, de fato, ninguém envelhece impunimente. As letras, o gênero crônica ganharam um aficionado lapidado pelo tempo, apaixonado e emotivo que narra com olhar clínico as indagações suas e de muita gente sobre o lugar em que vive. Dando vida, dando voz aos seus leitores.
Muitas de suas crônicas já havia lido – uma vez que durante alguns anos fui diagramador de A Tribuna – onde muitas foram publicadas. E as que não havia lido, me permiti lê-las lentamente, como quem degusta um bom vinho.
Quanto ao seu local de inspiração, quem já leu a obra, já descobriu que além de vender bebidas para pessoas que riem e falam alto, ele tem muitas finalidades. Uma delas é inspirar a produção literária. Seu livro não me deixa mentir.
Ler é criar e recriar imagens. Escrever é caminhar pelo mundo da imaginação. Quanto ao seu livro, Jaime, não me canso de bebê-lo. Então, tim! tim!

Por Haroldo Gomes

quarta-feira, 8 de junho de 2016

CRÔNICA_DA_SEMANA_08_06_2016_THO HG

Meus amigos não acreditaram!


Em uma das letras de suas muitas canções Cazuza cantava que “o bar é a igreja de todos os bêbados”. Até hoje circulam muitos discursos sobre esse local. O Jaime, cronista castanhalense, se especializou no assunto e escreveu um livro sobre o tema, a partir de observações nas mesas de bares que frequenta. Fato é que o bar é um paradoxo para os que não bebem, e uma plêiade de “filósofos” que debatem sobre tudo e todos, e, ao fim, ainda se inspiram em Raul Seixas, “aqueles que provarem que eu estou mentindo, tiro meu chapéu”.
Comecei essa crônica falando sobre bar porque ele é o local onde os frequentadores falam sobre as mazelas do futebol, da vida, da política etc. Dito isso, assistindo ao JH, recentemente, o qual destacou a faxina forçada que está ocorrendo na política nacional. Diante de tantos fatos relevantes, me veio à mente os debates acalorados que outrora travava em meu bar preferido: o Flasica, no bairro da Saudade. Para meu desespero, quando dizia aos meus amigos que se o PT caísse era uma questão de tempo e o efeito dominó atingiria os demais partidos. O Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot, já pediu a prisão de vários caciques do PMDB. A maioria dos meus interlocutores dizia: “cadeia não foi feita para esses caras. Eles vão morrer no poder e nada vai acontecer”. Ainda bem que nada é absoluto!
Com a crise que se instalou no país, sobre nós, assalariados; com o preço da cerveja às alturas, quase não vou mais ao bar, isso impede que nos encontremos para darmos sequência aos debates sobre esse e outros temas. Sei também que muita gente jamais imaginou ver deputados, senadores, prefeitos, vereadores e megaempresários presos – mesmo que em domicilio, monitorados por tornozeleiras eletrônicas. Esses dias chegaram! Depois do Roberto Jeferson, agora, foi a vez do senador Delcidio do Amaral, que já foi solto, porém, foi cassado e está inelegível por oito anos e proibido de ocupar cargo público. Ufa! Um a menos.
Imagino que as pessoas de bom senso que ainda são obrigadas a votar, ou mesmo as que vendem seus votos, que ainda não haviam presenciado tais cenas na mídia, devem vibrar como um gol da Seleção Brasileira de futebol, em final da Copa do Mundo, todos os dias nos últimos meses, com o avanço da Operação Lava Jato. As investigações da PF, as delações premiadas, a revelação de escutas telefônicas têm mostrado a podridão que soterrou o país à corrupção, ao retrocesso e o levou ao caos financeiro.
Saiu um governo e entrou outro. Em apenas quinze dias desse governo novo, dois Ministros perderam o cargo. Motivo: escândalos e tentativas de obstruir a Lava Jato. Os dois episódios expuseram ainda mais a ferida aberta pela crise ético-moral na política nacional. Pelo fato de ser senador, Romero Jucá reassumiu seu posto no Senado, entretanto, pode perder o mandato, já que sua ação caracteriza quebra de decoro parlamentar; o caso pode ir ao Conselho de Ética. Vou colocar na pauta da reunião com os demais filósofos a questão da reforma política, que uma vez aprovada deverá impedir que políticos com mandato ocupem outras funções, senão aquela para a qual foi eleito.
Nós, brasileiros, temos a fama de termos memória curta. Teremos em outubro próximo eleições municipais, um bom ensaio para sabermos se o que está acontecendo seja passado a limpo, ou mantido. Fato é que a Justiça abriu os olhos e vem realizando um papel fundamental, devolvendo em parte a esperança de que nosso país ainda tem jeito, mesmo que para isso ainda leve algum tempo. 
Quanto ao bar, onde tudo começou, espero que quando ocorrer o encontro tenhamos tempo suficiente para debater tanto assunto, e que a cerveja e a crise tenham baixado. Afinal de contas, no bar, tempo só é dinheiro quando voltamos a vista para debaixo da mesa e vemos a quantidade de garrafas vazias. E quando não dá para pagar tudo, a gente pendura. No nosso caso. Com relação aos políticos de Brasília, nossa paciência não pode mais tolerar.

Por Haroldo Gomes  

terça-feira, 7 de junho de 2016

CRÔNICA DA SEMANA_30_05_2016_THO HG

É ouro, Brasil? 

O sonho de todo país é sediar os Jogos Olímpicos. De seus atletas poderem estufar no peito, no lugar mais alto do pódio, a conquista de uma ou mais medalhas. Sejam elas ouro, prata ou bronze. A vez do Brasil chegou! Porém, antes mesmo do fogo olímpico acender a pira, o que simboliza o início das competições, uma modalidade já acumula medalhas no quadro geral, à frente dos demais concorrentes.
A modalidade não é nova, mas os ‘atletas’ vêm aprimorando a técnica continuamente e se destacando. Prova disso que a cada novo assalto o recorde de tempo é registrado. Estamos vulneráveis. Eles, então, aproveitam para subtrair nossos bens. A mira preferida é o celular. Para eles é medalha que vale ouro.
A triste façanha não é garantia de maiores prêmios, muito menos de entrar para as estatísticas policiais. São tantos, em toda parte, a qualquer hora do dia ou da noite, que a maioria das vítimas sequer chega a formalizar boletim de ocorrência.
A qualidade técnica dos atletas evoluiu nos últimos tempos, destaque para as equipes do revezamento em assaltos coletivos, ou arrastões. O local escolhido tenha ou não segurança, circuito interno de monitoramento. Nada, absolutamente nada, inibe suas incursões.
Toda essa bagagem tem levado o país a frequentar o ranking dos mais inseguros do mundo. Segundo a ONG americana Social Progress Imperative – que mede a qualidade de vida em 132 países - apontou o Brasil na 11ª colocação. O principal aspecto analisado é justamente a (in)segurança pessoal.
Outras modalidade também ganham destaque, como os roubos. Entre os demais países latinos, o Brasil conquistou a medalha de bronze ao ocupar a terceira colocação. À frente, apenas a Argentina e Bolívia. Tanto que é destaque no relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). Que revelou que a taxa de roubos a cada 100 mil habitantes no Brasil é de 572,7. Claro que esse número é muito maior, já que muitos casos não são formalizados às autoridades policiais.
Maior que o prejuízo financeiro de quem tem bens roubados é a perda da vida, das sequelas deixadas quando sobrevive. Muitos atletas do crime agora investem na modalidade tiro ao alvo. Reagindo ou não, eles atiram nas vítimas, matam.

Assim como os esportes e seus praticantes, bandidos também são ídolos que influenciam o ingresso cada vez maior de jovens e adolescentes para a modalidade criminosa. Quanto à outra olimpíada e seus atores vão passar; e a nossa continuará numa gangorra sem fim. Em que nós, “patrocinadores” torcemos para que de alguma forma se não acabar, ao menos reduza, para que enfim possamos exercitar o direito de ir e vir. A prática dessa modalidade vale mais que ouro, Brasil!