As máscaras e
os carnavais nossos de cada dia
Carnaval
é sinônimo de diversão em qualquer lugar do país nesta época do ano. Não há uma
fórmula específica quando o assunto é brincar, render-se a Momo é uma obrigação.
A maneira tanto faz: seja louvando (no caso de católicos e evangélicos em seus
retiros espirituais), seja dançando, seja pulando, ou mesmo longe da agitação.
É carnaval do mesmo jeito. O que muda é apenas o conceito.
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Entre
os muitos simbolismos inerentes ao Carnaval, um em especial chama atenção, e
que não pode faltar durante o período de festas: a máscara. Quanto mais
satírica ela for, quanto mais evidente estiver o personagem a que ela
representa, mais sucesso ela fará. Nesta ala, os políticos ganham destaque na
comissão de frente, ao emprestarem seus rostos para virar máscaras.
Estudos
sobre as origens e as funções das máscaras indicam que elas têm vários sentidos
e significados, depende muito da cultura, da civilização e até da localização
geográfica. Uma delas era a sua utilização em rituais pagãos. De qualquer
forma, as máscaras servem para esconder uma identidade, seja como forma de
diversão (no caso dos bailes de Carnaval), ou mesmo como desvio de
personalidade.
Neste
carnaval, uma em especial ganhou destaque ao virar alvo de polêmica: a do
ex-diretor da Petrobras, Nestor Ceveró. Não por sua beleza, ou exotismo. Ela ganhou
notoriedade pelo fato do suposto envolvimento de Nestor na “Operação Lava
Jato”, que investiga esquema de corrupção na Petrobras.
Depois
de se tornar alvo de muitas sátiras na web, e temendo ainda mais a banalização
de sua imagem, o advogado de Ceveró, Edson Ribeiro, disse que processará, por
dano moral, aqueles que confeccionarem máscaras de carnaval com o rosto de seu
cliente.
Como se
pôde perceber, as máscaras continuam produzindo sentidos; assim como espanto,
risos e também controversas. Quanto à intimidação velada pelo advogado de
Ceveró, há de se levar em conta um fator: uma coisa é processar quem a confeccionou;
a outra, quem vai usá-la, não especificada em sua fala.
O Carnaval
como uma manifestação cultural popular milenar, e em se tratando de uma
democracia que somos (mesmo medíocre), enquanto cidadãos, não podemos abnegar e
permitir sermos cerceados de satirizar a nossa forma as agruras cometidas por
entes ocupantes de cargos públicos (seja qual for a esfera de Poder). Afinal, é
Carnaval. E no Carnaval só não brinca e não se diverte quem já morreu!Crônica publicada no jornal Diário do Pará, em 16 de fevereiro de 2015, e também no meu blog pessoal: haroldogomes.blogspot.com.