sexta-feira, 21 de março de 2014

POSTAGEM DA SEMANA_HAGAGÊ_CRÔNICA



Entre o descaso, as filas e o sistema

By Haroldo Gomes

O cidadão que nunca passou por transtornos, constrangimentos ao enfrentar longas filas, durante horas, inclusive a preferencial, e se chegou a formalizar queixa em Órgãos de Proteção ao Consumidor, manifestou alguma insatisfação pelo 0800 ou pelo SAC temos algo em comum e partilhamos da mesma angustia.
Em se tratando de fila, de espera, o sistema bancário brasileiro ganha disparado. Mesmo com lei que tenta disciplinar o tempo de atendimento aos clientes em serviços essências. Neste sentido, pouco tem avançado.
A terceirização de serviços básicos como pagamento de títulos, abertura de conta e saques são comuns em lotéricas, lojas de conveniências e supermercados. Mesmo assim, ela está lá, firme para nosso desespero: as longas filas!
O segundo grande problema depois das filas é o sistema. Ninguém o vê, mas naquelas horas de imensas filas, em fins de semana, feriados etc. que é preciso pagar contas, sacar dinheiro, fazer compras e a fila não anda. Alguém não resiste a tentação e vai até mais próximo ao caixa e sonda. Ao retornar divide a informação com os demais: “o sistema tá fora do ar”. É aquele sufoco e muita reclamação...
O padrão de vida pós-moderno nos apresenta a tecnologia como solução para facilitar as nossas vidas em sociedade, face à pressa e o corre-corre diário. Boa parte de nossas atividades estão conectadas em rede. Mesmo com tanta sofisticação à nossa disposição, nem assim pode-se dizer que não existam falhas.
E diante dela é notório haver um culpado. É bem verdade que ninguém pode vê-lo, por isso na maioria das vezes, o sistema é usado como pano de fundo para justificar erros, ou mesmo excessos.
Na semana que antecedeu o Carnaval, fui em vão tentar pagar uma fatura, percorri vários bairros, lotéricas e drogarias na tentativa de pagá-la. Onde não havia longas filas é porque estavam fechadas. Em numa mais ousada, encontrei um pequeno cartaz na parta com a seguinte inscrição grafada: “fechamos porque o sistema está fora do ar”.
É paradoxal pensarmos que as máquinas podem substituir pessoas. O problema que quando elas emperram levando o sistema a parar de fato, para nosso desespero.
Segundo o “pai dos burros”, esse ser inanimado que recebe a culpa quando as coisas não funcionam é definido como um conjunto de elementos interdependentes que funcionam como uma estrutura organizada.
Quando o sistema para, ou como é mais comum ficar fora do ar, para tudo! Ficamos desorganizados, ilhados. Como tempo sempre foi dinheiro, isso representa prejuízos. Quase ou nunca em nosso favor ressarcidos.