Entre
o descaso, as filas e o sistema
By Haroldo Gomes
O
cidadão que nunca passou por transtornos, constrangimentos ao enfrentar longas filas,
durante horas, inclusive a preferencial, e se chegou a formalizar queixa em Órgãos
de Proteção ao Consumidor, manifestou alguma insatisfação pelo 0800 ou pelo SAC
temos algo em comum e partilhamos da mesma angustia.
Em
se tratando de fila, de espera, o sistema bancário brasileiro ganha disparado.
Mesmo com lei que tenta disciplinar o tempo de atendimento aos clientes em
serviços essências. Neste sentido, pouco tem avançado.
A
terceirização de serviços básicos como pagamento de títulos, abertura de conta e
saques são comuns em lotéricas, lojas de conveniências e supermercados. Mesmo
assim, ela está lá, firme para nosso desespero: as longas filas!
O
segundo grande problema depois das filas é o sistema. Ninguém o vê, mas naquelas
horas de imensas filas, em fins de semana, feriados etc. que é preciso pagar
contas, sacar dinheiro, fazer compras e a fila não anda. Alguém não resiste a
tentação e vai até mais próximo ao caixa e sonda. Ao retornar divide a
informação com os demais: “o sistema tá fora do ar”. É aquele sufoco e muita
reclamação...
O
padrão de vida pós-moderno nos apresenta a tecnologia como solução para facilitar
as nossas vidas em sociedade, face à pressa e o corre-corre diário. Boa parte
de nossas atividades estão conectadas em rede. Mesmo com tanta sofisticação à
nossa disposição, nem assim pode-se dizer que não existam falhas.
E
diante dela é notório haver um culpado. É bem verdade que ninguém pode vê-lo,
por isso na maioria das vezes, o sistema é usado como pano de fundo para justificar
erros, ou mesmo excessos.
Na
semana que antecedeu o Carnaval, fui em vão tentar pagar uma fatura, percorri
vários bairros, lotéricas e drogarias na tentativa de pagá-la. Onde não havia
longas filas é porque estavam fechadas. Em numa mais ousada, encontrei um
pequeno cartaz na parta com a seguinte inscrição grafada: “fechamos porque o
sistema está fora do ar”.
É
paradoxal pensarmos que as máquinas podem substituir pessoas. O problema que quando
elas emperram levando o sistema a parar de fato, para nosso desespero.
Segundo
o “pai dos burros”, esse ser inanimado que recebe a culpa quando as coisas não
funcionam é definido como um conjunto de elementos interdependentes que
funcionam como uma estrutura organizada.
Quando
o sistema para, ou como é mais comum ficar fora do ar, para tudo! Ficamos desorganizados,
ilhados. Como tempo sempre foi dinheiro, isso representa prejuízos. Quase ou
nunca em nosso favor ressarcidos.