“O bom jogador conhece o jogo pela
regra”
Por Haroldo Gomes (jornalista)
A frase da canção "Tareco e Mariola", do cantor e compositor nordestino Flavio José é um
aperitivo para se refletir um pouco o mundo da bola, em especial o da Copa do
Mundo e a partida de logo mais, entre Brasil e Chile.
Hoje, começa a fase das oitavas de final, o famoso ‘mata-mata’.
Perdeu, tá fora! E por falar em perder, está é uma palavra que parece não fazer
parte do dicionário da maioria dos torcedores brasileiros (fanáticos e apaixonados).
É cultural não se pensar que a moeda tem dois lados, e que tanto um quanto o
outro fazem parte da mesma moeda, portanto, do jogo.
A Copa é uma competição imprevisível, que parece ignorar
favoritismo prévio. Os personagens, as seleções ao longo da competição vão
construindo seus méritos. A deste ano, no Brasil, por exemplo, ao fim da
primeira fase, mandou de volta para suas casas as seleções da Inglaterra,
Itália, Portugal e a atual campeã, a Espanha.
Outra peculiaridade é que as tradicionais seleções europeias em
Copas do Mundo não conseguiram bons resultados, aqui no Brasil, e muito menos encantar
com seu futebol tático, de valorização da posse de bola e de passes longos. Por
outro lado, as seleções Sul-Americanas vêm logrando triunfo, amparadas na
força, garra, disposição e uma pitada da sutileza genial de alguns craques diferenciados.
Aliás, a Copa tem evidenciado um mote de outras coisas boas, como
jogadores que pela idade elevada, considerados praticamente aposentados estão fazendo
história. Mas nenhum fator tem chamado atenção desta Copa quanto o conceito trivial
de coletividade. Àqueles em que até os reservas brilham ao entrar em campo. É a
força da coesão, em que todos têm o mesmo objetivo: colocar a bola no gol do
adversário, para isso não importa quem a colocou, o gol é da seleção que marcou
o gol.
Pois bem, vencer é a meta, de qualquer atleta, em qualquer
que seja a competição, mas isso nem sempre é possível. Os fatores são diversos.
Qualquer que seja o resultado de logo mais, ele trará ensinamentos, para os
jogadores que tem o dever de conhecer o jogo e suas regras, assim como a
torcida em conhecer e reconhecer os próprios limites.
A partir de agora, desta fase da competição, empatar não é
permitido mais: ou cara, ou coroa, ou Brasil, ou Chile. A regra é clara. Empate
no tempo normal e na prorrogação levará a decisão para as cobranças de pênaltis.
E como dizem os especialistas no assunto, “aí não existe favoritismo”. De
alguma forma, haverá de sair um vencedor. E se não existe favoritismo quando o
assunto é pênaltis, quem sou eu para criar uma regra. E você, vai arriscar?