sábado, 4 de agosto de 2012

Todos, menos eu!

by Haroldo Gomes
Creio que uma minoria já se deu conta de que vivemos procurando analogias para justificar erros que comentemos com frequência. Parece que tem algo a ver com a genética. Tanto que passa de pai para filho. Pelo menos no discurso afinado. Nós ainda não existíamos, mas nossos pais e avós já diziam que: “na nossa época era tudo diferente. Não existia nada dessas coisas modernas e complicadas de hoje em dia”.
De repente, num piscar de olhos, tudo mudou. As coisas, os gostos, as pessoas, os hábitos. Menos a gente, claro. Parece que o tempo parou e nós não acompanhamos, ou não fazemos parte da mudança e das coisas que julgamos ser ruim. Continuamos os mesmos vendo tudo acontecer sem esboçar poder algum de reação. Com exceção de apontar o que achamos errado.
De fato muita coisa mudou e continua mudando na rua em que moramos, no bairro, na cidade, no país. Ele está cada dia mais violento, mais corrupto, mais negligente. E a culpa é dos outros. Isso porque só o vizinho dá o carro para o filho menor de idade dirigir sabendo que é crime. Que só o vizinho furta energia elétrica e fura a fila do caixa eletrônico. Que dirige sem o cinto de segurança falando ao celular e quando é flagrado para não ser multado suborna o agente de trânsito sem nenhum pudor ou sentimento de culpa por alimentar um dos maiores cânceres da sociedade contemporânea: a corrupção.
Outra coisa que se pratica muito e que se acha simples em nosso país é o ato cultural de votar no candidato “a” ou “b” se receber algo em troca. Em resumo, o que o candidato faz com o mandato pouco importa para quem vendeu o voto. Quando a imprensa divulga fatos recorrentes de escândalos envolvendo políticos o que mais se houve deste tipo de cidadão é que “todo político é ladrão”. Mas afinal, quem é mais ladrão nessa historinha sem fim, aquele que vendeu ou aqueles que compraram o que não tem preço?
Nada muda se esse exercício não começar pela gente. Do jeito que caminhamos nos aproximamos cada vez mais da utopia. Já que é mais fácil esperar que os outros façam sua parte para melhorar a vida em sociedade, o mundo; enquanto a gente se exime das possíveis culpa. Até quando?