quinta-feira, 27 de junho de 2013

Há idade definida para se usar tênis?


        Por Haroldo Gomes
Esta crônica não é nenhuma campanha de marketing, ou mesmo merchandising ao calçado que até virou canção na voz inconfundível de Cássia Eller, embora a composição seja do ex-Titãs Nando Reis. Bem, eu comprei o tênis quando meu filho precisou de um par para o futsal dele, no meio da procura achei este par vermelho, ficou perfeito no pé, então, o levei. Não sabia que ele iria ser motivo de críticas.
Ele já esta desbotando. Mas desde o início que meu irmão e um casal de sobrinhos encasquetam quando veem em meus pés o All Star vermelho. Eles me repreendem dizendo que não combina comigo, que não tenho mais idade para usá-lo. Pergunto-me, o estatuto das pessoas adultas tem algum artigo restringido o uso de determinadas roupas ou calçados? Se tem, avisem-me, pra eu me ajustar às normas da boa vizinhança e de etiqueta pós-moderna.
O senso comum é algo engraçado. Às vezes, ou na maioria das vezes o praticamos sem nos darmos conta de que em nossas ações e falas concebemos preconceitos com valores fechados em determinados tradicionalismos. Não me sinto ofendido, mas sempre reflito. Será que alguém vai impedir as mulheres evangélicas de praticar exercícios físicos em praças públicas só porque elas em geral não usam shorts, e sim, saias longas? Esteticamente não é correto, mas é a cultura delas que esta ali impressa. 
Vou me apropriar um pouco da poesia de Nando Reis para dar mais leveza a esta narrativa, um detalhe particular meu. Logo eu que sou atemporal. Na canção ele relata detalhes da pessoa amada e das coisas que ele gosta nela. Em determinado trecho: “estranho seria se eu não me apaixonasse por você... O som que eu ouço são as gírias do seu vocabulário, estranho é gostar tanto do seu All Star azul, estranho é pensar que o bairro das Laranjeiras satisfeito sorri quando chego ali e entro no elevador, aperto o 12 que é o seu andar, não vejo a hora de te encontrar e continuar aquela conversa que não terminamos ontem (...)”.
Com meu irmão o All Star vermelho em meus pés causa sentimento adverso ao da canção. Talvez por ele não ser azul. Ele acredita que a partir de determinada idade de vida as pessoas têm que seguir uma regra como a maioria das pessoas faz. Eu penso diferente, acredito e procuro mostrar para mim mesmo que as pessoas têm que fazer as coisas que lhes fazem bem, usar na medida do possível coisas que lhes motivem satisfação e lhes tragam sensações e fluídos positivos.
É bem provável que meu irmão surte se eu lhe disser que já estou de olho em outro par que vi na vitrine de uma loja aqui em Castanhal. Ele é estilizado em papel jornal. Será uma justa homenagem à minha profissão. Pode ser que assim eles relevem o meu gosto pelo uso de tênis esportivo. Sem exageros, claro!
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 Uma homenagem ao meu irmão Ivo Gomes, aos sobrinhos Sávio e Luma Moraes, meus críticos de moda e   comportamento. Minha moda e não seguir o que é moda, o que é tendência. Mania minha.