sábado, 28 de maio de 2011

Divisão do Pará, memórias e contradições...

Por Haroldo Gomes     
Só o fato de se realizar um plebiscito, que pode dar aos jurássicos que defendem esta ideia a senha para a concretização do processo de divisão do Pará, por si só já é uma afronta ao tão sofrido povo paraense, que clama e merece outras medidas prioritárias...
Enquanto se discute a divisão, o Pará é manchete regional, nacional e internacional como o campeão de conflitos e mortes no campo. A presidente Dilma Rousseff pediu prioridade na apuração do caso mais recente, ocorrido na Região Sudeste do Pará. E os outros casos?
Ávidos em dividir o Pará, esquecem que o Legislativo Estadual está imerso à corrupção, a cada dia novos fatos contribuem para o aumento da indignação da população. Milhões de reais foram desviados, dinheiro que se devolvido pode ser investido em saúde, por exemplo.
Enquanto a divisão do Estado pauta o Senado e a Câmara dos Deputados, defende-se ao pretexto de se acabar com as desigualdades e isolamentos regionais. Entretanto, temos o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do País; o pior Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB); além disso, o Pará contribui com 50% do superávit da balança comercial brasileira, e temos os míseros 2% na participação do PIB Nacional.
Todo embate é emblemático e pode ou não trazer benefícios. A decisão está nas mãos de quem de fato ama o Pará: o povo. Redesenhar geopoliticamente o estado é um prejuízo incalculável, contudo, pode trazer uma nova mentalidade que possa de fato unir ao invés de separar e superar as desigualdades. O que falta para que isso se materialize? Um pouco da alma cabana para enfrentar os problemas. Vontade e maior comprometimento da classe política com as promessas assumidas em campanhas.
Como já dizia a saudosa banda paraense Mosaico de Ravena, nos idos de 1997, “se existe culpa, é da mentalidade criada sobre a região, porque continuar então escrevendo Norte com ’M’?”. [HG]