sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Imprensa na berlinda: atrás dela só não vai quem não tem interesses.

by Haroldo Gomes
Muitos profissionais de mídia têm o entendimento de que a imprensa representa o quarto Poder. Se colocada sobre o prisma do corporativismo como vem ocorrendo com a grande imprensa paraense há sentido tal afirmação. 
A relação promíscua com os demais Poderes a levou ao desvio de suas funções. O caso do escândalo na Assembleia Legislativa do Pará (Alepa), por exemplo, o Dário do Pará e O Liberal, tentam a todo custo blindar o ex-deputado Domingos Juvenil e o senador Mário Couto. Por quê? Qual o motivo?
Enquanto o Legislativo faz vista grossa, o Executivo alicia o Judiciário com a farta distribuição de assessorias especiais para parentes de desembargadores. Ao todo, já foram distribuídas 450. Se continuar assim logo, logo a generosidade ‘tucana’ vai superar o governo petista, que chagou ao montante de 1.500 assessorias especiais durante os quatro anos.
Enquanto o foco do escândalo é desviado para os ‘peixes pequenos’ que engrossam as manchetes dos dois jornais todos os dias, o grupo RBA da família Barbalho troca acusações virulentas com os Maioranas por meio de seus editoriais.
Enquanto os interesses e as omissões vão sendo empurradas para baixo do tapete da impunidade as denúncias sobre as generosidades de Jatene com os parentes de desembargadores foram feitas pela revista ISTOÉ. Foi necessário que alguém viesse fazer o que deveria ser um papel da imprensa paraense: levar ao conhecimento dos paraenses mais um fato envolvendo desmandos políticos para se somar aos tantos outros já evidenciados.
Nas últimas semanas o assunto vem perdendo o foco nas mídias impressa e televisiva, restando às redes sociais por meio de blogs, a exemplo do jornalista Augusto Coelho, trazer à luz novos fatos envolvendo personagens até agora – digamos, quase - intocáveis.
Na contra-mão dessa cultura nefasta não faz mal relembrar a resistência de jornalistas que defenderam e defendem uma imprensa livre e crítica, a exemplo de Haroldo Maranhão, cujo pensamento se une ao do cartunista Millôr Fernandes quando afirma que “jornalismo é oposição, o resto é armazém de secos e molhados”.

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