Arquipélago
atroz, ilhas demagogas!
A forma como a ampla maioria dos políticos brasileiros governa para as elites só reforça os porquês dos contrastes que separam um dos países mais ricos do planeta, a oitava maior economia global, das inúmeras desigualdades sociais ao longo da sua história. No fundo, no fundo, estas práticas políticas nada republicanas deixam evidentes a cultura da sobreposição das elites e a manutenção do poder a qualquer custo. Processo que se agrava cada vez mais e só contribui para aumentar a distância entre ricos, cada vez mais ricos, de pobres, cada vez mais pobres.
A forma como a ampla maioria dos políticos brasileiros governa para as elites só reforça os porquês dos contrastes que separam um dos países mais ricos do planeta, a oitava maior economia global, das inúmeras desigualdades sociais ao longo da sua história. No fundo, no fundo, estas práticas políticas nada republicanas deixam evidentes a cultura da sobreposição das elites e a manutenção do poder a qualquer custo. Processo que se agrava cada vez mais e só contribui para aumentar a distância entre ricos, cada vez mais ricos, de pobres, cada vez mais pobres.
A mais
recente demonstração desta relação promíscua refere-se à legalização da grilagem
pela bancada ruralista na Câmara com o aval de Temer, que se utiliza do artificio
como moeda de troca para manter-se na presidência. Do outro lado, tem os dois pesos
e as duas medidas da justiça que não manda para a cadeia um condenado porque
ele é popular e isso poderia causar comoção. Vamos esperar que a segunda instância
mantenha a condenação. Enquanto isso o outro sai correndo pela porta da frente do
presídio para cumprir prisão domiciliar em casa e sem tornozeleira. Ou seja, o
pau que dá em Chico nem sempre dá em Francisco. O Legislativo não fiscaliza o Executivo e a
ciranda da gentileza entre os poderes se perpetua.
Exaustivamente
a mídia tem reportado que o governo não tem dinheiro para investir em setores
vitais. Por conta disso, os cortes estão a galopes afetando praticamente todos
os setores que não são de seu interesse político. As universidades federais, as
pesquisas científicas, e até as fiscalizações de rotina nas estradas,
realizadas pela Polícia Rodoviária Federal, a expedição de passaportes já foram
afetados. Demonstração clara de que a manutenção do poder é que é a prioridade;
quanto aos interesses do povo, continuam empurrados para baixo do tapete fadado
ao esquecimento profundo.
Por
outro lado, dinheiro tem bastante para retribuir a gentileza em forma de emendas
parlamentares aos “colegas” que votaram a seu favor na Comissão de Constituição
e Justiça – CCJ. E assim aquela velha prática do é dando que se recebe
mentem-se cada vez mais recorrente. Afinal, ano que vem tem eleições!
Discurso sem reflexão
é ilusão! Então, tomemos como base o pensamento do escritor argentino Eduardo
Galeno, em a obra “As veias abertas da América Latina” (2004), que narra com
propriedade os porquês de até hoje a história política reproduzir as mesmas
práticas quando o assunto são as relações entre os países latino americanos com
europeus e os Estados Unidos. “O sistema é muito racional do ponto de vista dos
estrangeiros que têm poder sobre a nossa burguesia de comissionados, que
vende a alma ao diabo a um preço que envergonha qualquer um com bom senso. O
sistema é tão irracional para todos os demais que quanto mais se desenvolve,
mas se intensificam o desequilíbrio e suas tensões, suas contradições veladas.”
No
mínimo estão nos reduzindo à condição de incapazes funcionais. O que estamos
vendo é a inversão do obvio. É a batalha do bem contra o mal que se instalou nas
entranhas da política nacional, como um vírus quando ataca o sistema. Em meio
ao bombardeio e troca de acusações tornou-se difícil sabermos quem fala a
verdade e pratica o bem, e quem está mentindo e fazendo o mal nessa novela
mexicana que tem como única vítima, o povo.
Em
resumo, os discursos políticos são produzidos com objetivo de orientar o sentimentalismo
daqueles que gostam de viajar pelo romantismo das palavras bonitas e difíceis
(pura demagogia). Como as que Temer vem utilizando, chegando a postular-se de
vítima e a todo custo tem procurado transferir a culpa aos acusadores, uma
manobra, como se nós, que só temos direito ao voto, ou melhor, a obrigação de
votar, estivéssemos no tribunal do júri, e ao fim do espetáculo entre defesa e
acusação ainda tivéssemos a incumbência de absolver o réu.
A
conta da gastança do governo com os aliados e as mordomias majoradas dos Três Poderes
continua sendo enviada por meio de impostos para a nossa fatura. Até o pato
amarelo da elite industrial já voltou às ruas. Sinal de a coisa está feia
mesmo! Enquanto a força se sobrepõem à vontade popular, o governo ilha o povo que
acompanha a passagem de seu governo passivamente, apenas torcendo o nariz. Muito
pouco para mudar o curso desta história...
Por Haroldo Gomes
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