terça-feira, 26 de setembro de 2017

CRÔNICA_DA_SEMANA_26_09_2017_THO HAGAGÊ

O mundo não precisa de mais uma guerra. Precisa de paz!

Nos jornais e revistas, na tv, nas redes sociais, por toda a parte a violência circula velando e nos impondo ainda mais medo de nos tornarmos a próxima vítima dela. E agora vem o prenúncio de uma guerra mundial. As guerras são paridas pela intolerância. Nascem da sobreposição e da falta de diálogo. Além das nossas, de todos os dias, de todos os instantes, no trânsito, nas favelas, nas baixadas, nas periferias, na política, todas têm algo em comum, a arte de fazerem vítimas. Nossas casas viraram trincheiras.
Se não bastasse o clima de hostilidades que mina o mundo, o presidente americano Donald Trump e o ditador norte coreano Kim Jong-un estão a um passo de protagonizarem a terceira guerra mundial. Enquanto o diálogo se ausenta, as ofensas saltam à boca em seus discursos cheios de razões. Afinal, se ela de fato ocorrer, eles não morrerão, mas, seus exércitos.
No Rio de Janeiro o que se vê é uma guerra civil urbana. Homens do exército, da Força Nacional, da PM nas ruas, armados, tanques de guerra e a violência não dá trégua. É o estado em busca de recuperar o que tinha abdicado ao longo dos últimos anos. Enquanto isso, alunos não têm ido às escolas porque a maioria está no meio do fogo cruzado. Pais choram a morte de seus filhos, policias que tombam mortos diante do poder paralelo que parece não temer a investida do que resta do estado democrático de direito.
Em alguns estados, bandos armados impõem medo, respeito e praticam seus crimes com requintes de ousadia ao renderem cidades inteiras, ao roubarem armas de fóruns, assaltarem bancos, resgatarem comparsas de cadeias e presídios. Muitos se intitulam os novos cangaceiros. É a prática do velho banditismo que deu uma trégua, mas que retornou com força total.
Em geral, eles se organizam e atacam veementemente em estados onde os poderes constituídos se ausentaram, e isso pode ser percebido pela forma violenta como atacam e praticam suas leis. No Rio, por exemplo, que vive não só uma crise política, moral e financeira, só este ano, mais de 100 policiais perderam suas vidas e engrossam as estatísticas de vítimas da bandidagem. Se eles não resistem, imaginem nós, civis indefesos?
Aqui, no Pará, não é diferente. Até o mês passado, 26 PMs já foram mortos e 15 foram feridos. Em 2016, no primeiro semestre, foram 1.749; este ano, no mesmo período o número saltou para 1.970 pessoas mortas de forma violenta. No ranking nacional o estado ocupa a sexta colocação, ficando atrás do Rio de Janeiro, Espírito Santo, Rio Grande do Norte, Ceará e Pernambuco, que está no topo.
Ou seja, em nossa guerra mata mais que a guerra da Síria. Só no primeiro semestre deste ano, em todo o país 28,2 mil homicídios dolosos foram registrados, o que equivale a 155 assassinatos por dia e 6 a cada hora. Até agora, os números já são 6,79% maiores que o mesmo período do ano passado. Se mantida essa média chegaremos ao fim do ano na casa dos 60 mil homicídios ao ano.
Os números e a dura realidade que cada cidadão enfrenta diariamente falam por si. Diante de tudo isso, precisamos de outra guerra mundial?
Haroldo Gomes 

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