Dez motivos sobre a Copa de 2014 para esquecer e
refletir
Por Haroldo Gomes
Em apenas duas partidas a seleção
brasileira tomou dez gols. Sete da Alemanha e três da Holanda. Esta última, na
tarde-noite do sábado, 12 de julho, em partida válida pelo terceiro e quarto
lugares. Desta forma, apática, sem gritos, em meio ao silêncio no estádio os
jogadores e a comissão técnica sequer ficaram em campo para prestigiar a
solenidade de entrega de premiação à Holanda, terceira colocada no Mundial.
O que deu errado? Lembram-se daquele
comercial? Àquele em que um gordinho, garoto propaganda, mostrava o esquema
tático para se vencer a Copa: em que, se pega a bola, cruza pra direita,
inverte, vai, vem e passa pro fuleco? Foi exatamente o que aconteceu!
Em todos os jogos a seleção teve maior
posse de bola, mas o fuleco não soube o que fazer com a bola, e também não
resolveu!
Foi a Copa das lamentações em que pouca
coisa, ou quase nada deu certo. A nação retomou o sonho de 1950, de sediar uma
Copa, de jogar em casa, e o que é pior, de ganhá-la jogando no Maracanã. Mas no
templo do futebol, o tempo e a ausência de coletividade, de um esquema de jogo
não permitiram que a seleção sequer jogasse lá.
O país é do futebol sob o prisma da
exportação, dos 23 selecionados, 21 jogam em outros países, outros continentes,
alguns sequer jogaram em algum clube brasileiro. Temos bons jogadores, aliás,
excelentes jogadores. Mas, a comissão técnica subestimou aos adversários, a
inteligência ao jogar com esquema, o qual os jogadores e as seleções europeias
conhecem muito bem, só poderia dar no que deu. Catástrofe!
A organização tentou de tudo para criar
uma marca que caracterizasse o povo brasileiro e o país da Copa. Um jingle, o
mascote (Fuleco), ou mesmo fazendo barulho, com a tal Caxirola, que não foi
vista nos estádio.
O país da bondade exacerbada nem
precisou desses elementos e de protestos para ganhar notoriedade nos
noticiários internacionais. Os estrangeiros entraram, badernaram, venderam
ingressos com valores superfaturados ganharam muito dinheiro, alguns foram
presos, outros soltos, e outros fugiram etc. etc. Cena comum no Brasil.
Antes de seguirmos à canção, de
sacudirmos a poeira, levantarmos a cabeça e darmos a volta por cima é preciso,
antes de tudo, deixarmos para trás - o que levará algum tempo - a síndrome de
tatu, de cavar o próprio buraco e nos enterrarmos vivos dentro. Quem pensou no
fuleco como mascote da Copa já sabia deste triste fim. Só ele não deve estar
decepcionado.
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