domingo, 15 de março de 2015

Artigo da Semana_15_Março_2015

É hora de dar a cara a tapa outra vez. Vamos pra rua?


Por Haroldo Gomes


O que levou o Brasil a mergulhar numa onda de incertezas e instabilidades política e econômica de uma hora para a outra? As mesmas coisas de outrora. Podem e devem responder os jovens estudantes que há 23 anos tomaram uma atitude e resolveram se vestir de preto e pintar as caras e sair às ruas em sinal de protesto em reação a uma provocação do então presidente Fernando Collor de Melo. Os pedidos surtiram efeito e contribuíram para que ocorresse o primeiro impeachment da história política do Brasil.
Erros não se justificam; explicam-se. É isso que as pessoas de bom senso esperam das CPIs e das investigações da “Operação Lava Jato” da Polícia Federal que deflagrou uma enxurrada de denúncias de corrupção na Petrobras. Claro, cada caso é um caso, e depende do grau do erro. O fato é que erro é erro!
Durante a campanha que reelegeu a presidente Dilma Rousseff (2014), ela declarou varias vezes em entrevistas e debates que não permitiria que seu adversário fizesse com o Brasil o que ela mesma e o seu governo estão fazendo. Para enfatizar suas falsas promessas usou o clichê: “Nem que a vaca tussa!”. Mal tomou posse para seu segundo mandato e a vaca tossiu, provocando reações imediatas contra seus atos governamentais.
Boa parte da classe política brasileira demonstra que não aprendeu e não quer aprender com os erros cometidos por seus pares. Por isso que fatos vergonhosos como o que ocorreu com o ex-presidente Fernando Collor continuam a virar manchetes de jornais. Creio que isso se deva em partes ao comodismo e a passividade como a maioria dos cidadãos entendem a democracia e sua funcionalidade. Haja vista que da forma como estar disposta, subentende-se que o poder emana dos políticos para o povo; e não do povo para os políticos. Os políticos são servidores públicos.
A geração dos caras-pintadas cresceu e se tornou adulta. Hoje, são senhoras e senhores que estão diante de uma nova encruzilhada. As motivações são parecidas; entretanto, a juventude de hoje não quer só dizer “Vem pra rua!” e “Fora, Dilma!”, ela quer mais, quer dizer basta à epidemia chamada corrupção, que não é exclusividade dos políticos e de governos “a” ou “b”, mas que já se institucionalizou nas demais esferas de poder, comprometendo o crescimento econômico do país e investimentos em setores prioritários.
Determinados atos representam o estopim, como o pano vermelho diante do touro bravo.  Collor prometeu em vão que “Iria matar o tigre da inflação com um só tiro”. Assim como ele, a maioria dos políticos fala demais, promete demais, e, em geral, cumpre de menos. Dilma Rousseff – na campanha passada – acusou seu adversário de tudo aquilo e algo mais que ela está fazendo agora. E para tampar o buraco aberto com os gastos exorbitantes da campanha que a reelegeu, resolveu arrochar o contribuinte aumentando os impostos. Pra piorar a situação, ainda cortou investimentos em setores prioritários, como a saúde e a educação.
Em repudio às medidas adotadas pelo governo petista, vários setores da sociedade civil organizada, como os caminhoneiros deram início às manifestações país afora. Uma ampla mobilização teve início por meio das redes sociais conclamando a população para ir às ruas no próximo domingo (15/03) dizer que estar insatisfeita e quer mudanças. Várias cidades do país, a exemplo de Castanhal, engrossam o movimento.
O que une as pessoas em torno das mobilizações de agora?
Algumas teorias dão conta de que aprendemos mais e melhor pelos exemplos práticos. Diante desta constatação, pode-se dizer que os ensinamentos deixados pelas mobilizações das “Diretas, Já!” e dos “caras-pintadas” encontraram paralelo agora!
Este raciocínio se encaminha para sua conclusão. Quanto ao seu objetivo, ele não se esgota aqui. Afinal, o que me move, assim como a maioria dos brasileiros neste momento é a esperança de só voltarmos a ler e falarmos em exílio, em ditadura, em país da recessão econômica através de livros e jornais.
E como diz a canção “Pedras que Cantam”, de Raimundo Fagner, em determinada estrofe: “Vamos pra frente, que pra trás não dá mais...”. Que assim seja e que as mobilizações surtam os efeitos esperados. Que não parem por aqui. Motivos não faltam!

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