segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Crônica da Semana_16_02_2015_HG


As máscaras e os carnavais nossos de cada dia

Carnaval é sinônimo de diversão em qualquer lugar do país nesta época do ano. Não há uma fórmula específica quando o assunto é brincar, render-se a Momo é uma obrigação. A maneira tanto faz: seja louvando (no caso de católicos e evangélicos em seus retiros espirituais), seja dançando, seja pulando, ou mesmo longe da agitação. É carnaval do mesmo jeito. O que muda é apenas o conceito.
Entre os muitos simbolismos inerentes ao Carnaval, um em especial chama atenção, e que não pode faltar durante o período de festas: a máscara. Quanto mais satírica ela for, quanto mais evidente estiver o personagem a que ela representa, mais sucesso ela fará. Nesta ala, os políticos ganham destaque na comissão de frente, ao emprestarem seus rostos para virar máscaras.
Estudos sobre as origens e as funções das máscaras indicam que elas têm vários sentidos e significados, depende muito da cultura, da civilização e até da localização geográfica. Uma delas era a sua utilização em rituais pagãos. De qualquer forma, as máscaras servem para esconder uma identidade, seja como forma de diversão (no caso dos bailes de Carnaval), ou mesmo como desvio de personalidade.
Neste carnaval, uma em especial ganhou destaque ao virar alvo de polêmica: a do ex-diretor da Petrobras, Nestor Ceveró. Não por sua beleza, ou exotismo. Ela ganhou notoriedade pelo fato do suposto envolvimento de Nestor na “Operação Lava Jato”, que investiga esquema de corrupção na Petrobras.
Depois de se tornar alvo de muitas sátiras na web, e temendo ainda mais a banalização de sua imagem, o advogado de Ceveró, Edson Ribeiro, disse que processará, por dano moral, aqueles que confeccionarem máscaras de carnaval com o rosto de seu cliente.
Como se pôde perceber, as máscaras continuam produzindo sentidos; assim como espanto, risos e também controversas. Quanto à intimidação velada pelo advogado de Ceveró, há de se levar em conta um fator: uma coisa é processar quem a confeccionou; a outra, quem vai usá-la, não especificada em sua fala.
O Carnaval como uma manifestação cultural popular milenar, e em se tratando de uma democracia que somos (mesmo medíocre), enquanto cidadãos, não podemos abnegar e permitir sermos cerceados de satirizar a nossa forma as agruras cometidas por entes ocupantes de cargos públicos (seja qual for a esfera de Poder). Afinal, é Carnaval. E no Carnaval só não brinca e não se diverte quem já morreu!
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Crônica publicada no jornal Diário do Pará, em 16 de fevereiro de 2015, e também no meu blog pessoal: haroldogomes.blogspot.com.

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