quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Crônica da semana_12_08_2015

Sobressaltados!

A violência urbana é um “fantasma” real que não se sabe quando, onde e hora vai nos provocar susto, raiva, desespero, insegurança, sensação de impotência. Sabe-se que em potencial todos estamos suscetíveis a nos tornarmos, cedo ou tarde, vítimas dela, e entrarmos para as estatísticas. Que cresce avassaladoramente a cada instante...
Refiro-me às estatísticas em grosso modo, não a das polícias e órgãos de segurança pública. Afinal de contas, a maioria da população já criou o senso de que não dá em nada mesmo registrar ocorrência; até porque talvez não dispunha de tempo e paciência suficientes para ir a uma delegacia formalizá-la. Na maioria das vezes, fica por isso mesmo.
Até existem locais definidos como áreas de riscos. Porém, assaltos hoje em dia acontecem no atacado em qualquer lugar, a qualquer hora do dia ou da noite: na parada de ônibus; dentro de universidades; em lojas; na rua e até na frente de casa. Quem já adquiriu o cartão fidelidade vítima de assaltos ironiza a situação afirmando que tem que andar com a taxa do “pedágio”; para quem teme a reação violenta dos ladrões e sabe que pode ser ainda mais danosa, caso não tenha nada para ele nos subtrair.
Quem já foi vítima seguidas vezes, certamente já desenvolveu técnicas para tentar amenizar o drama na hora da abordagem dos larápios. Coisas do tipo: andar com dois celulares, sendo que o possante vai dentro da cueca, ou da calcinha, aquele mais velho, já desgastado, fica à mostra e é logo surrupiado; andar com bolsa e muitos objetos nem pensar! Ah, sim, sempre que tiver o trocadinho, deixe-o separado direto no bolso, para facilitar!
Fugir é quase impossível! Ficar em casa é tornar-se prisioneiro. Cada um procura e desenvolve maneiras de tentar amenizar a situação. Depois das câmeras de filmagens e sua tradicional frase de efeito: “Sorria, você está sendo filmado”, agora, casas e comércios são gradeados; seguranças armados a postos; alarme; cercas elétricas e para quem tem capital para investir, até porta giratória com detector de metais estão sendo instaladas em pequenos comércios. Isso mesmo! Para comprar um quilo de açúcar, a partir de agora, na quitanda do seu país do futuro, objetos de metais nem pensar, ou não vais passar e ter que ir comprar em outro lugar. Que pode ser a quitanda do seu país de todos!
Cada contexto tem roteiro próprio. Diferentemente de outras épocas, inclusive de crise econômica, como agora. O diferencial é que no momento a vida parece ter perdido seu sentido, seu valor, isso, claro, na visão dos ladrões, que além de roubar, matam suas vítimas (latrocínio). Desfechos deste tipo são cada vez mais comuns durante assaltos, mesmo quando as vítimas não esboçam reação alguma, acabam sendo mortas, atiradas ou esfaqueadas...
Tanta violência, tantos assaltos alimentam as páginas dos jornais adeptos do gênero noticioso; seguem este caminho as rádios, as emissoras de TV e o web jornalismo. Midiaticamente, reproduzem a máxima de que a violência gera mais violência. Do contrário, virou espetáculo!
Se tem um lugar onde todo nós, cidadãos de bens, nos encontramos neste contexto, esse lugar é a esfera pública dos sobressaltados. Está é a palavra mais apropriada para definir o momento. O verbete, segundo o dicionário da Língua Portuguesa, quer dizer: estupefato, pasmado; aflito, inquieto. Além disso, tem como sinônimos: alarmado, desassossegado e inquieto. Então, precisa dizer algo mais?
Publicado no jornal A TRIBUNA DE CASTANHAL, ED 276 - na Coluna Apêndice, página 3.

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