terça-feira, 25 de agosto de 2015

CRÔNICA DA SEMANA_25_08_2015

Um por todos, e todos pelo PMDB! 

A trágica e surreal Lei de Murphy (que vitimou o próprio criador) parece ter tocado definitivamente o coração do vice-presidente da República Michel Temer. Logo ele, um dos mais influentes caciques peemedebistas da atual conjuntura política. Tanto que veio a público pedir ajuda, pedir a união de seus pares no Congresso. Tudo em nome da harmonia, de uma trégua às crises política e econômica, em nome do bem do país.
E na prática, o que isso quer dizer?
Quem conhece o valor da reciprocidade entende que quem quer o bem de alguém ou de uma coletividade faz por onde; não o contrário do que está meramente falando, como fez o vice-presidente. Ou seria o mais óbvio dos paradoxos? Até porque desdobramentos deste tipo são inerentes ao MDB. Isso mesmo, àquele mesmo desde a ditadura militar, que em 1977 ganhou o P. Após a redemocratização provou e demonstrou como não se governa, como não se faz. O ex-presidente José Sarney foi o grande expoente da única vez em que a legenda esteve no comando do país.
Fato é que o PMDB de Temer, de Calheiros, de Cunha, entre outros caciques, está “arredio” com o governo petista e com a governabilidade. Mirando interesses próprios, mais espaço e cargos políticos. É o fisiologismo clássico se fundindo com a relação inimiga necessária.
Renan e Cunha, senador e deputado, respectivamente, travam disputas e vaidades veladamente. O segundo perdeu um pouco de seu fôlego ao ter seu nome citado nas investigações da Lava Jato. As duas Casas empurram para baixo do tapete aquilo que lhes convém. Uma das demonstrações foi a contundente exclusão dos coleguinhas da estrela vermelha das Comissões Parlamentares de Inquéritos – CPIs e a iminente ameaça de trazer à tona verdades que o povo já até imagina, mas que precisam ser reveladas, a exemplo do caso BNDES. Sem contar a tal “pauta-bomba” que vem colocando lenha na fogueira e aumentando a animosidade entre petistas e peemedebistas.
Temer definiu o suposto clima de instabilidade de “crise desagradável”. Muita bondade de sua parte para com seus próceres. As crises e seus reflexos, a que atingiu o bolso do brasileiro de baixa e média renda, que reduziu o poder de compra e de consumo, que se traduz em desempregos, em altas taxas de juros, essa crise sim, já atingiu essas e outras classes. Essa, sim, é desagradável e precisa mais que urgentemente de ação, de uma solução; não de discursos demagogos.
De 1994 para cá o PMDB colocou como mandamento primeiro a premissa de que melhor do que ter candidato é estar ao lado de quem venha a vencer. Seja qual for o lado, a regra do jogo é essa. O PMDB apoiou FHC (PSDB). Com Lula já eleito, passou a namorá-lo antes mesmo da posse, permanecendo na aliança até hoje. Porém, nos dois mandatos de Dilma Rousseff passou a exerceu sua maior peculiaridade: dividir para confundir e, enfim, reinar. O seu poderio não deixa dúvidas disso. A sigla tem 17 senadores, ou seja, quase 25% da Casa. Além de 66 deputados federais na Câmara. Comanda 7 estados e 6 ministérios. Tem 1.024 prefeitos, e 7.825 vereadores. A tradução literal do partido: muito grande e influente. Porém, sua façanha é representar suas próprias conveniências.
Colocar Michel Temer para a articulação política do governo com os demais partidos foi como colocar o coelho para tomar conta da plantação de cenouras. O hilário disso tudo é que o próprio Lula, quando ainda era presidente já sabia muito bem das virtudes do parceiro (in)desejado. Chegando a declarar que “SEMPRE, qualquer que seja o governo, terá que trabalhar com o PMDB”.
Desgastado pela falta de apoio da presidente Dilma e de alguns ministros, Temer ameaçou deixar o cargo na semana passada, concretizando sua saída da função nesta segunda-feira (24). Apesar da encenação cômica, eles se merecem. Certo mesmo é que por enquanto o PMDB come pelas beiradas mirando o papel principal. Alguma dúvida?
Por Haroldo Gomes

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