O contraditório e o avesso
Recentemente,
um ministro de governo foi questionado sobre sua opinião em relação às
acusações feitas ao deputado federal e presidente da Câmara, Eduardo Cunha; ele
se posicionou utilizando a argumentação de que “a marca da democracia é o
contraditório, ou seja, o direito à ampla defesa. Até ele ser condenado, não
cabe juízo de valor”.
Boa
estratégia! É o discurso da neutralidade. Porém, contra os fatos não há
argumentos. Em tese! O assunto é pauta obrigatória na imprensa e nas rodas de
conversas em qualquer lugar. Mesmo para aquelas que não gostam de jogos de azar
e de política, de alguma forma já fizeram suas apostas: a maioria acredita que
vai terminar em pizza, como a maioria dos casos desta natureza; enquanto que a outra
parte, conta os dias e as horas para que Eduardo Cunha perca as prerrogativas de
parlamentar e presidente. Vamos aguardar!
Cunha
é sisudo e já deixou claro que não mentiu e não deixará o cargo. E se o fizer,
levará outros consigo. Uma psêuda confissão!? Existem muitos outros porquês nas
entrelinhas: Cunha se declarou oposição à presidente Dilma Rousseff, com o
intento de angariar mais status e poder. Desta forma, utiliza o artificio como
moeda de troca no aceite ou não dos pedidos de impeachment contra a presidente.
É o custo benefício político: o PT não gosta de Cunha; se Cunha não atrapalhar
a presidente Dilma, o inimigo fica blindado, e se aplica a lei de Newton ao
caso: se não tem ação, não tem reação. Fisiologismos de poder!
No
meio disso tudo, do toma lá, dá cá, das hostilidades maquiadas, os dois
personagens estão em pé de igualdade, quando o assunto é quebra de decoro e
improbidade, ambos são equânimes. Traduzindo: MENTIROSOS.
Os
escândalos políticos são inerentes às democracias liberais, como é o caso do Brasil.
Após a redemocratização, entra presidente, saí presidente, e os escândalos se
evidenciam com frequência, cada um maior e mais grave que o outro. Exemplos não
nos faltam.
Os
escândalos se devem aos acirramentos dos interesses políticos, partidários e
pessoais, em que os embates saltam às artérias, é o vale tudo do poder pelo
poder. Cunha e Dilma sabem que suas imagens estão desgastadas, haja vista que a
todo instante novos fatos surgem, o que agravam suas situações perante a
opinião pública.
Por
outro lado, a quantidade e a gravidade de mazelas parecem não ter ainda extrapolado
o bom senso, o limite da paciência e da tolerância, tanto que o efeito dos
escândalos só tem impacto na mídia; fora dela, não tem surtido o efeito mobilizador
capaz de provocar reações maiores, mais contundentes. As repercussões duram até
outra surgir, cada vez maior e mais complexa.
Se é
de alento que vivemos, uma boa dose veio por meio das revelações feitas pelo ex-presidente
Lula, ao admitir recentemente que Dilma e o PT mentiram para ganhar a eleição.
Isso todos já desconfiávamos. Se existem pelo menos três verdades, já sabemos
da minha e da sua, e quanto a deles? Não se espera que Cunha e Dilma façam o mesmo
que seu compatriota populista, que sem saída, ceifou a própria vida para entrar
para a história. Mas de qual história estamos falando mesmo?##THO HG
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