A viralização da violência
Embora as autoridades de
Segurança Pública não admitam, estamos em meio a uma guerra urbana sem
precedentes que faz vitimas a esmo, e se existe uma palavra que pode resumir a
nossa sensação nesse momento crítico, ela se chama SOBRESSALTO. Estamos sendo
mutilados literalmente pela violência – física ou psicológica - desenfreada que
não poupa ninguém. Nos últimos tempos tenho renunciado apertar o botão do controle
remoto da TV, pois quando aperto me vem a sensação de que é repetição do
programa anterior (vale a pena ver de novo?).
Os mesmos fatos têm pautado
os noticiários com frequência, claro, com novos desdobramentos. Corrupção, delações
premiadas, escândalos políticos, milhões para lá, bilhões para cá, e algo em
comum de ambas as partes. Da nossa: de que não vai dar em nada e com o passar
do tempo vai cair no esquecimento como tantos outros casos. Da outra: o
sentimento de impunidade velado, tanto que nada tem sido capaz de inibir a
prática e os crimes continuam cada vez mais e mais sofisticados.
Quando não são as
peripécias dos políticos é a violência extremada que atingiu os mais elevados patamares.
Já não podemos mais ficar em frente de nossa casa, ir à esquina comprar algo,
ou passear em praça pública que somos vítimas em potencial da bandidagem. E se
não tivermos nada para pagar o pedágio a repressão é maior e mais violenta. Por
conta disso, o que ouvimos, vemos e lemos nos jornais todos os dias é o
derramamento de sangue. Assassinatos, mortes violentas que não poupam nem os militares.
Execuções, assaltos com reféns, chacinas, mortes, mortes e mais mortes...
A violência hoje em dia tem
público cativo, dá audiência, têm programas especializados em horário nobre,
cadernos etc. e no meio disso tudo tem sempre alguém quer saber de tudo, dos
bastidores, detalhes, e se possível até investigar. Todo esse espetáculo da
vida real é proporcionado pelas plataformas digitais disponíveis, como as redes
sociais e aplicativos de mensagens instantâneas. Mesmo que não queiramos saber,
somos tentados por membros de grupos dos quais fazemos parte que fazem circular
informações dessa natureza em tempo real. E quando aquela musiquinha toca ou o
aparelho vibra é a informação de que chegaram mensagens novas. Difícil não
abrir, e, assim, ao entrarmos em contato com elas também fazemos parte da midiatização.
Com a banalização da
violência e a ânsia de dar um furo (como um foca em início de carreira) de midiatizar
a informação e com a febre das selfs é
comum presenciarmos pessoas mais preocupadas em registrar e divulgar o fato a ajudar
a pessoa tombada ao chão. É uma teia, todos querem ser o primeiro a divulgar e
os demais querem ser informados sobre a novidade e poder comentar.
Quanto à violência, os homicídios e à insegurança no empurra-empurra de competências nos resta a condição de protagonista como na canção “E agora, José”? Já que não temos para onde fugir, o jeito é cumprir a sentença condenatória que nos imputou prisão domiciliar; mesmo sem termos cometido crime algum. Usufruir o direito, até então sagrado, de ir e vir se tornou uma regalia. Em casa não estamos imunes, paliativamente menos expostos. Até quando?
Quanto à violência, os homicídios e à insegurança no empurra-empurra de competências nos resta a condição de protagonista como na canção “E agora, José”? Já que não temos para onde fugir, o jeito é cumprir a sentença condenatória que nos imputou prisão domiciliar; mesmo sem termos cometido crime algum. Usufruir o direito, até então sagrado, de ir e vir se tornou uma regalia. Em casa não estamos imunes, paliativamente menos expostos. Até quando?
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